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Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Falemos dos telemóveis na educação

Faz um tempo que algumas escolas europeias começaram a proibir o uso dos telemóveis no espaço escolar. O fenómeno está a estender-se às escolas portuguesas, que vêm de um percurso intensivo de informatização das salas de aula. Pessoalmente, permiti-me observar antes de formar uma opinião e acho que estou em condições de começar a formulá-la agora.

A maioria está de acordo que o uso atual do telemóvel está a prejudicar mais do que a ajudar na educação. Mas o problema é do telemóvel ou do uso que permitimos até agora?

Trabalho com um grupo de jovens e sou uma cidadã do mundo de hoje, por isso, a opção de simplesmente eliminar o telemóvel causa-me muitas reticências. Se por um lado o atual e constante uso do telemóvel está a levar à infantilização das gerações, a diminuir a sua capacidade cognitiva em muitos aspetos da inteligência humana e a dificultar as trabalhosas e difíceis relações interpessoais, por outro, não podemos esquecer que todos os aspetos da vida humana funcional estão de alguma forma ligados a essa pequena máquina. Hoje em dia, não estar contactável é estar fora da sociedade, é como estar isolado do mundo e isso tem impactos na nossa produtividade, saúde mental, rede de relações, etc. Também não podemos esquecer que todos os serviços públicos de que dependemos estão aí à distância de um par de clicks. A informação necessária à construção do nosso dia-a-dia social está acessível ao minuto nesses pequenos aparelhos, apesar de estar misturada com uma fonte inesgotável de informação falsa ou de pouca qualidade. E, é neste último ponto que acho perigoso retirar os telemóveis da sala de aula. 

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Deixar como está é demasiado perigoso. Eliminar parece-me tão perigoso como a prática de simplesmente proibir, porque sabemos que não resolve, apenas retira responsabilidade aos que teriam a obrigação de explicar e criar melhores meios. Então, não há solução?

Na realidade, a mim parece-me que existe aí um meio-termo de que não se fala, ou se explora pouco. Qual? 

 

A solução mais fácil e imediata, desde a minha perspetiva, seria a obrigatoriedade de deixar os aparelhos em sala de aula. Quê?! Sim. Já vai fazer sentido! 

Eu vejo pessoas adultas, normalmente sem muitos estudos e poucos dispostas a informar-se, muito orgulhosas dos seus pequenos rebentos quando estes conseguem desbravar o emaranhado de clicks para desbloquear um telemóvel. Para eles, os seus rebentos são uns génios por fazerem isto, só não sabem que esta tecnologia foi feita para que até um bebé o consigo fazer, e que só é mais complicado para os adultos por ser um tipo de linguagem nova que têm de aprender de raiz. A razão pela qual destaco esta situação corriqueira é a seguinte: deixar os pequenos sozinhos a desbravar os segredos do telemóvel não é produtivo, porque terão tendência a repetir só as atividades que gerem prazer imediato. Terão toda a informação do mundo na mão, mas não sairão do tiktok. Por isso, o telemóvel deve estar presente nas salas de aula dos dias de hoje, para que os professores os ensinem a tirar partido útil e real das vantagens desses aparelhos. Claro está, que dentro da supervisão e controlo do professor e de acordo com as atividades propostas por ele. 

Porém, nas saídas para o recreio o telemóvel deve permanecer na sala de aula. Desta forma, sem a distração deste aparelho, os jovens vir-se-ão obrigados a ver os outros seres humanos e tentar construir saudáveis relações com eles. Promovemos assim uma reposição do convívio social, que está demasiado fragilizado nos dias que correm. 

Para aqueles que não lidam com jovens tenham uma noção do problema, conto-vos que nas minhas salas tenho-me deparado com miúdos a pedirem-me o telemóvel para poderem fazer um desenho livre. Quando lhes digo que podem desenhar o que quiserem, que não há regras além a de usarem o poder de criar com a sua mente, ficam cabisbaixos e dizem-me "não consigo pensar em nada". De facto, não conseguem! Não estão habituados a usar a mente para encontrar soluções, porque estão rodeados de soluções prontas, afinal se não for o telemóvel, estão os adultos que se desdobram em mil para que não lhes falte nada. 

Concluindo, estamos a criar uma sociedade que não estará pronta para sobreviver por si mesma, e o cenário é ainda mais assustador se pensarmos num apagão dos sistemas que permitem o acesso às redes (situação perfeitamente possível com a instalação de governos cada vez mais extremistas e autoritários). Assim quem, é preciso repensar o uso do telemóvel, repensar a forma como damos acesso a este aparelho em tão tenras idades, não só em ambiente escolar, como em ambiente familiar (porque há demasiadas famílias que o usam como babá, e não sabem o mal que estão a fazer aos seus amados rebentos). Contudo, eliminar completamente o telemóvel não só é uma utopia nos dias de hoje, como pode ser contraproducente.

A mim parece-me que algumas restrições devem ser feitas, porém, podemos usar as salas de aula para ensinar estas gerações a descobrir que esses aparelhos são muito mais que tiktoks ou chat GPT, para copiar o material pronto a que não se dão sequer o trabalho de corrigir, porque nem leem para saber o que vão entregar aos professores. Os professores podem e devem repensar como organizar as suas aulas de forma a incluir os aparelhos, sem que estes prejudiquem o desenvolvimento intelectual do indivíduo e ajudando-o a usá-los para as atividades do dia-a-dia de hoje. As universidades constantemente preocupadas em criar melhores Unidades Curriculares, podem refletir como ajudar os novos professores a tirar o melhor partido desta ferramenta.

Indivíduos melhor preparados, construirão melhores sociedades. Assim quero acreditar!

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