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Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Quando a cantina vira sinónimo de castigo injusto!

"Saco vazio, não fica de pé", este ditado popular recorda-nos a importância da alimentação para que possamos SER produtivos. Na fase inicial da vida, onde o corpo enfrenta diversas mudanças constantemente, a alimentação de qualidade tem um impacto significativo, tanto para enfrentar as necessidades da época como para definir o adulto saudável, ou não, que seremos um dia.

Saco vazio não fica em pé.JPG

Nas escolas manter os alunos correctamente alimentados é um dos factores que define os resultados. Os adultos, de uma forma geral, já têm a informação necessária para executarem as tarefas do seu dia-a-dia, porém os jovens ainda a têm que buscar, experimentar, descartar, aprofundar, etc... A energia despendida enquanto crescemos é muita e é necessário garantir que os jovens são correctamente e regularmente alimentados.

Acontece que nem todas as famílias, pelos mais diversos dramas humanos, conseguem garantir que as suas crianças e jovens sejam alimentadas de forma correcta e regular. Outras têm os meios financeiros para uma alimentação de qualidade, no entanto, falta-lhes o tempo, porque passam o dia inteiro reféns dos trabalhos e os jovens acabam "semi-internados" nas escolas. Esta realidade exige que os Estados actuais apliquem parte dos recursos arrecadados com os nossos impostos nas cantinas escolares, de forma a garantir que nenhuma criança tenha de ficar o dia inteiro sem comer e possa explorar todo o seu potencial. Em teoria, o problema estaria sanado com a criação das cantinas escolares, só que não é bem assim!

As cantinas escolares não são totalmente suportadas pelos impostos arrecadados e muitas famílias têm que pagar uma participação no valor da refeição. Esse valor é calculado segundo a capacidade financeira de cada família, o que pode ser ou não discutido, porém parece-me uma das fórmulas mais justas. Acontece que a vida das famílias não é linear e pouco obedece a regras matemáticas e económicas, fazendo com que a realidade familiar se altere muito mais rapidamente que as burocracias sistemáticas. Esse facto faz com que muitas vezes as facturas da cantina fiquem pendentes e sem pagar.

O drama adulto e burocrático acaba por atingir os mais novos, incapazes de argumentar e defenderem os seus direitos fundamentais. Sem dó nem piedade, vemos as escolas, pilares da educação e engenheiras por excelência do futuro da humanidade, a negarem um prato de comida a uma criança para pressionarem o adulto a pagar. A criança é castigada de forma cruel, por algo que está fora do seu alcance resolver. Como educadores que mensagem pretendemos passar agindo desta forma em nome do dinheiro de uma instituição, que pode e deve financiar-se junto do Estado para estes assuntos?

Eu sei que deixar a criança sem comer é o último dos recursos, ou quero acreditar que assim seja, porém isso não tira crueldade à acção. Tem de existir outras formas de recuperar o dinheiro que implique e responsabilize apenas o adulto capaz de se defender e negociar. Uma das formas poderia ser através da máquina estatal, retendo o pagamento do valor em dívida no abono de família, por exemplo. Seria uma forma mais burocrática! Contudo não exporia nenhuma criança à crueldade de passar o dia sem comer, num país que manda toneladas de alimentos para o lixo, todos os dias. Essa mesma criança injustamente castigada, provavelmente ainda verá o seu rendimento escolar comparado numa escala de valores com outras crianças correctamente alimentadas e mais uma vez sairá prejudicada.

Discutimos muito o bullying praticado entre crianças da mesma faixa etária nas escolas, mas esquecemo-nos de reflectir sobre o bullying praticado por adultos responsáveis. Talvez por que falta uma palavra que o defina e como gostamos tanto de recorrer ao inglês nestes casos, eu sugiro MAJORBULLYING.

O majorbullying definiria esse comportamento adulto que carrega sobre a criança realidades alheias à sua formação e capacidade de compreensão que lhe permita defender-se, como por exemplo ser impedida de comer porque não regularizaram as facturas quando tiveram que escolher entre pagar a electricidade para manter a casa quente de inverno ou pagar a refeição escolar que pode ser financiada dependendo das regras burocráticas do momento. Porém também se pode aplicar a outras situações, como o professor-educador que acredita que cumprir a sua missão é deixar claro quem são os inteligentes do grupo destacando os "burros" sem ter a sensibilidade de parar para reflectir que nem todos vêm da mesma realidade e que é saudável para todos que todas as realidades se encontrem e aprendam a conviver de forma respeitosa. O conceito respeito também deveria ser alvo de revisão, mas deixaremos para depois.

A escola é por excelência o lugar de escape de muitas crianças, o único espaço de convívio saudável e oportunidade de desenhar um futuro melhor e os adultos responsáveis deveriam reflectir na forma como os acolhem.

A realidade das cobranças de facturas de cantinas que acabam por atingir injustamente os mais pequenos, não é exclusiva de um país e muito menos de países pobres, essa prática digna da idade média é usada até nos chamados países de primeiro mundo, o que torna a prática ainda mais condenável. Também é bom reforçar, que nem todas as instituições ou pessoal responsável destas recorre a estas formas de fazer valer as regras, o que se agradece e homenageia. Contudo os casos que existem, devem ser identificados e repensados e parece-me que uma mudança nas regras do Estado poderia fazer toda a diferença, condenando a prática e criando recursos que permitam que a cobrança seja feita ao adulto responsável, por mais tempo que isso possa demorar.

Eu apoio o EXEMPLO como ferramenta fundamental na educação que é o pilar da construção de um mundo melhor e mais justo. Tendo isso em mente, parece-me impossível construir um mundo melhor se damos como exemplo castigar inocentes incapazes de defesa em nome de uma cobrança que pode ser executada de outras formas.

Creio que vale a pena a reflexão, para que todos os sacos fiquem de pé e construam uma sociedade mais forte e justa. Os adultos devem ser capazes de garantir o fundamental, para que os mais novos nos ofereçam todo o seu potencial.

Se quiserem saber mais sobre bullying deixo este link - https://www.verywellfamily.com/types-of-bullying-parents-should-know-about-4153882. Leiam como se comportam os Bully-victims e analisem como essas más condutas se perpetuam, creio que será bastante útil para entendermos o poder dos bons exemplos, principalmente por parte de adultos responsáveis com destaque social.

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