Temos mesmo de nos desfazer do Paraíso?
Imagem no site Vacances-Location.net. A imagem foi alterada.
Portugal é uma das melhores casas do mundo. Tem uma posição no Globo invejável: posicionado como entrada da Europa, com uma costa marítima enorme para a sua área, o sol visita-o quase todo o ano, e as suas gentes das mais tolerantes e afáveis. O território português ainda tem muito para dar. Não acreditam? Reparem na quantidade de interesseiros que nos estão a comprar ao desbarato, com o “conluio” do governo.
E é esta situação que me está a preocupar. Nós estamos a vender o que achamos que já não serve a outros que lhe vêem potencial. Irónico!?
Queremos vender a nossa empresa de aviação comercial (TAP). Onde nós só vemos o prejuízo, os latinos vêm uma porta de entrada ao mercado Europeu. Para eles existe potencial de lucro. E porque não para nòs?
A PT Comunicações está a sofrer por querer ser grande demais. Mas e se fosse dividida em empresas mais pequenas, não poderiam os empresários portugueses fazer a sua exploração? Estamos a falar da maior empresa de comunicações em Portugal. Queremos dar a outros o poder de controlar a comunicação. Lembrem-se que a comunicação é a maior arma dos humanos. Permitiu milhares de anos de evolução.
Preocupada e com um novo ângulo de visão que me permitiu ver o meu país do lado de fora, creio que posso opinar acerca daquilo que eu acredito ser o nosso calcanhar de Aquiles.
Em casa os portugueses são bons, mas no Mundo tendem a apagar-se. Na nossa história, só existe um período em que se rezam lideranças de portugueses: Os Descobrimentos. Acontece que os descobrimentos foram feitos numa altura em que a ignorância global era enorme. Tudo estava para fazer. O primeiro a chegar ditava o modo. Aproveitamos muito pouco.
O Mundo mudou, os níveis de ignorância têm diminuído e quase tudo já foi feito ou pelo menos imaginado. Com isso os portuguese apagaram-se na história universal. Continuamos a ser bons, mas não acreditamos porque não temos um método que nos dê segurança.
Vou tentar exemplificar.
Um empresário português abre uma empresa. Método utilizado: DESENRASCA e logo se vê. Com um pouco da sorte de principiante emprega os primeiros colaboradores. E preocupa-se em formá-los? O empresário português chefia ou lidera?
Na generalidade os empresários portugueses fazem chefia: a formação é desenrasca-te se não: “não serves”. Quanto a integrar o funcionário na dinâmica da empresa o discurso é: “quem manda aqui sou eu.” Ou a outra que ainda é pior: “eu estou aqui para mandar.” Pior que isto é estarmos a educar(perpetuar) nas universidades pessoas com esta visão: “tirei o curso, agora é só mandar. Já não preciso de me preocupar mais, os outros farão por mim.” Acredito que isto esteja a mudar, porque tem de mudar.
Quando se enfrentam ao mercado exterior o que encontram: estruturas empresariais (às vezes demasiado grandes para um bom equilíbrio económico na minha opinião) bem estruturadas e contra as quais trabalhar na lei do acaso é prejuízo na certa.
São estruturas que conhecem o nicho de mercado para o qual operam, cujos colaboradores são preparados e formados para que acompanhem a visão da empresa. Formam-se equipas com o mesmo objectivo e não Chefes e Subordinados. Cujoi objetivo é o ordenado no fim do mês, no caso português. E nunca é de mais referir que os ordenados pagos em Portugal são muito pouco motivadores para a tão reclamada produtividade.
E a formação no exterior? Respeitada.Obrigatòria. Não é como em Portugal que se limita muitas vezes a uma folha assinada só para as estatísticas, na hora de aplicar: é mais fácil a lei do desenrasca.
Se existe equipamento é disponibilizado.
Em Portugal até com o fardamento que é exigência da empresa os chefes regateiam.
A Título de Curiosidade:
Trabalhei num sítio onde era obrigatório o uso da farda da empresa. A farda disponibilizada, tinha sido feita para parecerem todos iguais e ponto. Não tinha existido o cuidado de perceber como ia funcionar. Se era representativa para a tarefa que ia representar! Se era confortável para as 8h de serviço no mínimo! Se era adaptàvel a todas as pessoas que a iam utilizar! O tecido em vez de ser em algodão era em material sintético, que nos fazia suar horrores. A fazer atendimento ao público e a cheirar a suor. Boa imagem, não acham? O pior era com os sapatos. A empresa não os fornecia, mas exigia o tipo de sapato. A empresa a exigir que o empregado use o seu salário, para investir na imagem empresarial. Em troca de quê? Deixo para responderem. |
As normas, nas empresas mais competitivas do mundo são seguidas de forma a evitar acidentes. No nosso país existem empresas a fazer pseudo formações que os colaboradores assinam, muitas vezes sem terem sido realmente esclarecidos. É uma estratégia aparentemente mais barata. Em Portugal funciona porque ainda hà muita ignorância. Mas quando estas empresas enfrentam o exterior, torna-se num conjunto de debilidades.
As empresas que se afirmam no exterior trabalham com equipas coesas, e isso não é possível com colaboradores que se sentem constantemente lesados nos seus direitos e dignidades.
As empresas para saírem do seu círculo têm de contar com gente que busque, que arrisque, que seja uma equipa com objectivos comuns. E não vale que o único objectivo comum seja garantir o posto de trabalho. Isso só se consegue com funcionários que acreditem no respaldo e na segurança. E empresas à portuguesa não o têm.
Pelo menos a maioria e isso é uma pena. Porque temos a matéria-prima, as ferramentas e contamos com capital humano para impedir que o nosso país seja vendido ao desbarato, falta-nos liderança e vontade de mudar. Temos de entender que o poder dividido entre todos é mais forte e justo do que todo o poder centrado num só ser.
Sozinho somos capazes de pouco, juntos somos capazes de tudo. Ouvi eu em algum lado.
Pergunto: Queremos ser vendidos à China? Queremos ser vendidos a um paìs que fortificou a sua economia em cima do trabalho escravo do seu povo? Queremos isso para nòs?