Viver com Crohn. Viver limitada ou limitar o viver ? - continuação...
Imagem do site Interne-soluções de saùde
O que quer um ser humano com dores de barriga ? Enrolar-se na posição fetal e que não o incomodem.
Mas para a maioria, essa é uma situação esporádica. Para os doentes com DII, é uma constante.
Mas ninguém pode passar o seu tempo enrolado, é preciso usar a existência para sobreviver. Então os doentes de DII aprendem a tentar contornar a dor para poderem viver. Mas o mal-estar está lá. E por isso muitas vezes são pessoas mal dispostas. Toda a sua concentração é canalizada para executar determinada tarefa, dispersa-la é um sacrifício.
Se comer instala-se o mal-estar. Se não comer não tem força para sobreviver. Uma pessoa com DII, não tem sossego, nunca está bem, ninguém compreende e poucos podem ajudar.
O diagnóstico no meu caso demorou quase 5 anos. Fui dos 63kg aos 45kg. Passei por diagnósticos de problemas de tiróide, colon irritável, operada ao apêndice sem necessidade e sei lá que mais.
Cheguei a um ponto que deixei de me queixar, porque já não conseguia ver a expressão de enfado das pessoas que me rodeavam. Cheguei a preparar-me para morrer, porque não via solução à vista. Não tinha filhos na altura, graças a Deus.
Tive a sorte de entrar na minha vida, pessoas que desenrolaram uma série de acontecimentos que acabaram por me encaixar no caminho correto. A elas muito obrigada. Mas foi sorte minha.
Hoje, passados 10 anos, penso que se o sistema de saúde tivesse funcionado eu teria sido diagnosticada no primeiro ano de sintomas, no máximo. Teria sido mais produtiva, talvez tivesse feito a minha formação académica. Mas ninguém quis saber.
A DII depois de diagnosticada e correctamente medicada e vigiada, fica suportável. As crises passam a esporádicas e nós passamos a sentir que vivemos. Que podemos fazer escolhas.
Mas as pessoas continuam a catalogar: ou acham que nós somos iguais aos outros, ou que somos de outro mundo. Não hà meio termo. Ninguém é igual a ninguém. E os doentes de DII, podem fazer o mesmo que todos os outros, mas precisam de medicação, acompanhamento médico, dieta adaptada a cada caso, descanso e rotina.
Por exemplo, podem sair ao bar com os amigos. Mas assinam uma declaração de crise se bebem álcool.
Com a doença DII pode-se viver se planearmos o viver. Para isso é preciso que a sociedade nos ajude para que nós possamos contribuir.