Quem és ? Quem é a pessoa por detrás do nome ?
Quem és ?
Sempre que ouço esta pergunta penso em marketing, numa peça para venda onde se enumeram características para ver se o comprador fica interessado: “Esta é a embalagem e contem "x" disto, tanto do outro e mais "y" daquilo.”
Quando falamos de pessoas é tão redutor, não é?
Dizer que "amo sapatos" (não é o caso, sou mais chinelo mesmo), que "gosto de viajar" (mesmo que seja só para conhecer hotéis, que é o conceito de viagem da maioria), ou que "a minha vida são os livros", nunca vai descrever “Quem és?”, realmente. Porquê?
Porque hoje tenho “x” disto e amanhã não.
Porque hoje tenho litros de irritação e amanhã estou completa de doçura.
Porque agora estou bem sozinha, e daqui a um bocado quero festa repleta.
Porque apesar de não ser fanática de sapatos às vezes apaixono-me por uns.
Porque adoro ler, mas também quero fazer outras coisas.
Porque gosto de música segundo a minha disposição.
Porque às vezes a melhor música para os meus ouvidos é mesmo o silêncio.
Porque não sou fiel a um “estilo”, o meu humor talvez.
Porque o tempo passa e muda-nos sem nos darmos conta.
Porque não somos lineares, quadrados e repetitivos, responder a “Quem és?” com meia dúzia de palavras, soa a “jingle” publicitário: desperta a curiosidade mas não te diz tudo. E como num anúncio de publicidade, o objecto que nos pareceu “delicioso” na descrição, pode na verdade não estar à altura do nosso gosto.
Por isto prefiro responder à pergunta “Quem és?” com um: “Vais descobrir. Se dedicares tempo.”
Para conhecer pessoas não há fórmulas instantâneas. É preciso tempo, vontade e alguma dedicação para montar o puzzle das vontades, dos muito humores e do movimento das acções e, chegar ao essencial.