Hipoteticamente "sou mãe de 2 filhos": os portugueses e os refugiados.
Tenho dois filhos, hipoteticamente.
Um desgovernou-se e perdeu a casa e o emprego, diz que a culpa é do patrão. E realmente a qualidade dos patrões é duvidosa.
O outro foi invadido por um “vírus”, que ameaça a qualquer altura a matá-lo e não sabemos como o combater. Está cheio de medo da morte.
Sou mãe:
Terei de escolher entre qual dos dois ajudar?
Ou tentar o que puder para ajudar os dois?
Tenho um pão, dou-o a um deles, ou divido-o?
Salvo o primeiro apesar da evidente incompetência para lidar com as agruras da vida e enfrentar a realidade, mas cuja vida não está ameaçada?
Ou o segundo, por não ter culpa nenhuma das circunstâncias em que se vê envolvido?
E posso continuar a questionar-me. A atirar a bola da decisão de um para o outro filho, e dessa forma se não fizer mais nada, não vou ajudar nem um, nem o outro.
Agora façam a analogia ao que está a ocorrer na Humanidade.
Sou mãe = Sou humana.
Tenho dois filhos = Os portugueses e os refugiados.
Os dois encontram-se em duas situações distintas e graves, e tenho de escolher quem ajudo?
Ou tento ajudar os dois?
Os portugueses precisam antes de mais de melhor educação, é urgente, principalmente na área da cidadania. Os portugueses precisam entender que “não basta ter pena”, é preciso usar as ferramentas democráticas, e conversas de café não servem. Conversas de café contribuem para reflexão, mas depois é preciso ir às urnas e VOTAR. Não em discursos bonitos, mas na história completa, temos 40 anos de democracia, já podemos avaliar melhor os currículos para além das palavras estudadas. È preciso estar atento às “CONSULTAS PÙBLICAS” (por exemplo esta) que os ministérios vão fazendo, ir à junta de freguesia da vila e participar nos “ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS”, com propostas sobre os melhoramentos que lhes pareçam necessários para a vossa comunidade. (Quantos de vocês que argumentam a pobreza como razão para não ajudar alguém em risco de vida, já participaram em algumas destas actividades democráticas, ou pelo menos fez um voluntariado). O país constrói-se de comunidade em comunidade, de cidadão a cidadão que contribui.
E temos eleição não tarda.Muito bom “timing” para começar. "C'est la rentrée!"
Não preciso que respondam, apenas que pensem e se informem correctamente.
Não tenho problemas com opiniões divergentes das minhas, desde que devidamente fundamentadas. Se estiverem bem sustentadas até pode ser que eu mude de opinião, mas com o tipo de argumentação vazio de informação que tem sido largamente difundido, não vejo razão para mudar de opinião, porque apenas leio medo e medo devem ter estes seres humanos sem chão que esperam que alguém de bom coração se compadeça da sua luta e os ajude.
ESTE ASSUNTO NÃO É LEVE, É BASTANTE COMPLEXO: Envolve uma guerra que decorre na Síria (já olharam o Mapa Mundo? Sabem onde é a Síria?), se a Síria desiste de lutar, temos a Turquia com a porta escancarada para a entrada dos verdadeiros anormais (o EI), na Europa.
Imagem Googlemaps.
Alguns têm medo da religião: os árabes vivem entre nós, europeus, há décadas sem problemas, com certeza os europeus já provocaram muitos mais problemas. Provocamos problemas a nós mesmos e a eles também com o jogo económico.
E os que defendem que “o islamismo é violento” e os católicos não, já ouviram falar das “Cruzadas”, ou da “Inquisição” (não lêem Dan Brown? Apesar de ser ficção dá uma luz sobre do que se trata. Uma leitura tendenciosa, mas mais agradável que os livros de história. Mas se querem mesmo ter uma visão limpa, eu aconselho os livros de història). Um exemplo mais recente, da interferência nociva da Igreja, foi a proibição dos contraceptivos que condenou à morte milhares de pessoas infectadas pelo HIV.
Imagem na Wikipédia, "Joana D'arc, a francesa que se
tornouuma das vítimas mais conhecidas da Inquisição."
O Papa Francisco não lê isto, mas se por alguma razão o fizer permita-me uma sugestão:
“Fale das atrocidades que os católicos já foram capazes de cometer seguindo líderes perturbados (coisa que estas pessoas que fogem, não querem fazer e por isso são perseguidas), para que as pessoas entendam que é possível evoluir, apesar de o nosso passado falar tão mal de nós”.
Envolve questões humanitárias. Estão a confundir crise financeira com crise humanitária. Qual das duas deve ter prioridade? A primeira envolve posses que podem ou não contribuir para uma vida digna e isso é importante. Mas a segunda envolve a própria vida, e sem vida, a primeira crise de que falei, a económica/financeira nem sequer tem porque existir.
E depois falamos de pessoas sem chão. O seu país não pode continuar a mantê-las assegurando comida, água, saúde, educação, segurança e justiça. O essencial.
Não nos podemos queixar do mesmo aqui em Portugal, mesmo os que estão em pior situação são apoiados por igrejas, instituições (por exemplo o Banco Alimentar), RSI, e etc… Alguns até se dão ao luxo de ir buscar comida à Cruz Vermelha para não perderem o estatuto de pobre e assegurar os subsídios, e depois colocá-la no lixo. Já todos assistimos a isso, ou o vimos difundidos nas notícias.
E eles vêm para cá, porque têm sonhos, dizem alguns. E nós também, mesmo que vivamos debaixo da ponte. E apesar de acreditar que esse possa ser um dos motores que os leva a passar pelas situações mais atrozes para chegar à Europa, acredito que a esperança de se manterem vivos é o principal combustível. Até porque não sabem como serão recebidos. Os países vizinhos que os estão a receber,estão cheios de
gente. Por exemplo o Líbano, que se olharem no mapa é mais pequeno que a Suíça, já recebeu segundo as notícias 1 000 000 de Sírios. Imaginam o que é isso?
Algumas criticas que tenho lido para justificar que não aceitam os refugiados é que vêem para cà e terão direito a tudo, e os portugueses não têm direito a nada.
(Espero que isto sirva de lição aos senhores políticos que acharam que medicar austeridade era uma boa ideia, e que agora verão as poupanças servirem para pagar multas por não receber a quota imposta, e perderem o dinheiro que será injectado nos países que irão receber os refugiados.)
O Qatar, o Dubai e outros países que não abriram as fronteiras estão a fazer doações, para os que o fizeram:
"A BBC destaca que os países do golfo Pérsico não têm ficado de braços cruzados, tendo doado cerca de 805 mil dólares desde o princípio da crise, principalmente através de doações feitas por cidadãos ou de organizações não governamentais (embora o Washington Post destaque que essas doações são menos de um quarto das feitas pelos Estados Unidos). Mas as doações, que são empregues na manutenção de campos de refugiados, já não servem de muito numa altura em que a crise síria já completou o seu quarto ano, e os sírios não querem continuar a viver em situações precárias, em campos de refugiados com demasiadas pessoas para as suas infraestruturas e sem condições para construir um futuro." - no DN.
Mas, esta atitude das pessoas civis mostra a ignorância sobre o assunto do que é um refugiado, e isso também é culpa da imprensa. A imprensa tem repetido muitas vezes as noticias sobre as condições em que chegam os refugiados, mas pouco têm falado de como serão realmente recebidos. Alguma imprensa tem caìdo em propaganda a mostrar casas, e muitos sites têm manipulado imagens e vídeos para manipular a opinião pública.
Peço que a imprensa fale da forma como é que os refugiados vão ser integrados: a plataforma PAR, o acesso à educação, o acesso ao mercado de trabalho condicionado pela “Autorização de Residência” que não é um processo automático (vai ser feito o trabalho de triagem pelas autoridades e eles podem esperar cerca de um ano por esse documento), que tipo de subsídios é que lhes vão ser atribuídos, lembrando que devem rondar os valores do ordenado mínimo Nacional ou até menos, o acesso à saúde limitado a cuidados primários e urgências como qualquer português que não tenha com que pagar, e etc… Essas questões precisam de ser esclarecidas.
E depois o medo, principalmente depois dos mestres da manipulação do medo (o EI) primeiro ter ameaçado os refugiados que fugir para a Europa era pecado e como não obteve os resultados que pretendia, resolveu que era mais fácil por medo aos assustados europeus e dizer que infiltrou terroristas entre os refugiados. Se eu fosse um desses terroristas, a passar aqueles trabalhos, juro que me revoltaria, mas com quem me mandou. Mas tirando o aparte, essa possibilidade de entre os refugiados vir gente mal intencionda, existe. Mas precisamos confiar que as autoridades vão fazer o seu trabalho o melhor que puderem.
E depois, lembramo-nos que em 2001 não existiam estes movimentos migratórios para a Europa e o 11 de Setembro aconteceu. E que existiram ataques ao metro de Londres, de Madrid, ao jornal em Paris e por aí adiante. Os terroristas têm dinheiro, não precisam destes movimentos migratórios, porque quando querem fazer estragos sabem como, e pior têm como.
E basta abrir os jornais todos os dias para ter medo de sair à rua, apenas com os actos dos nossos nativos.
Por isso, além de receber estas pessoas, que são os danos colaterais de uma guerra da qual não têm culpa, é preciso exigir (sim essa é a palavra) que os nossos governos façam alguma coisa para acabar com esta guerra.
A memória Humana é curta, mas na Era da tecnologia, não se justifica alguma argumentação que se tem difundido.
Fica aqui o apelo:
Se queres dar uma opinião informa-te.
Nessa altura adoraria trocar ideias com opiniões divergentes da minha. Seria um prazer e uma descoberta!
Até teres alguma informação credível, abstém-te de dar opiniões assim como te absténs de ajudar. Plantar ódios pode fazer crescer uma Planta que não vais querer cuidar, por isso não plantes.
Simples.
Este texto reflecte a minha opinião, depois de me informar sobre o assunto tentando várias perspectivas. Falta-me informação, obviamente. Se quiseres acrescentar alguma coisa, eu agradeço. Afinal o que está a ocorrer vai interferir no futuro de todos e preocupa-me também o futuro do meu filho.