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Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

“Que semana!”

Começou numa sexta-feira 13, como que aproveitando a má fama dessa  data. E foi um azar. Não um azar que ocorreu ao acaso, foi um azar friamente planeado.

 

Essa sexta-feira começou e decorreu dentro da “normalidade”, com as pessoas a levantarem-se das suas camas, a ir levar os filhos à escola, a correr para o trabalho, a almoçar à pressa, a resmungar dos preços dos alimentos na fila do supermercado, e etc… Mas não terminou dentro da “normalidade”.

 

Um grupo de terroristas que se faziam chamar “Estado Islâmico”, e que agora são tratados por “Daesh”, planeou e colocou em marcha uma série de atentados terroristas nessa noite, em plena cidade de Paris que dava início a mais um cultural fim-de-semana. Morreu mais de uma centena de pessoas e ficaram feridas muitas mais.

 

O Presidente Hollande (em contraste com a atitude da Presidenta Dilma no Brasil, perante o desastre em Mariana), imediatamente se colocou em acção e deu a cara aos meios de comunicação. Num dos seus comunicados, ele disse “Estamos em Guerra”. E desta vez, tendo a acreditar.

 

A história contará data e hora dos atentados, número de vítimas, consequências e etc…

grito.jpg

 Imagem do site "updateordie".

Eu contarei o que vi, o que achei que vi e claro falarei sobre o que opino do assunto.

Os blogs, assim como os murais das redes sociais servem para isso, para registar opiniões. Uma opinião é apenas um ponto de vista, não um facto irrefutável. Faço questão de deixar esta análise registada, porque me tenho apercebido que existe um problema grave de interpretação entre os usuários da rede. Não fazem diferença entre opinião e texto noticioso, não procuram fontes credíveis para obter informação, e ainda analisam um texto de 50 páginas por uma ou duas frases, retiradas ao contexto. Esses erros podem colocar em questão toda a informação que arrecadamos, assim como torna-nos alvos facilmente manipuláveis. 

 

Nessa noite, dia 13.11.2015, fui acordada com uma chamada de Portugal, para me perguntar se eu estava bem. Foi nesse momento, que soube que algo ocorria na cidade de Paris. Depois da chamada desligada, Tv e computador aceso.

 

As notícias sucediam-se, no facebook os amigos perguntavam se estava tudo bem. E a natural preocupação de tentar contactar alguns amigos que vivem perto dessas zonas, surgiu. E quando as notícias caíram no repetitivo, fui dormir. Que podia eu fazer?

 

Acordei e consultei mais uma vez as notícias. Não existiam muitas novidades. Questionei-me como iria decorrer o dia. Como se veria afectado o meu dia, depois desse horrível episódio. Imaginei: as pessoas na padaria a comentar, quiçá bandeiras de França nas janelas, as pessoas na praça da Mairie a falar e a homenagear as vítimas, etc… Coisas que provavelmente ocorreriam em Portugal.

 

Preparei-me, tomei o pequeno-almoço, e quando saí descobri que o dia decorria normalmente. As aulas de Judo do pequeno a funcionar sem nada fora do habitual, o Banco aberto, nada de conversas na padaria, a policia não estava mais presente que habitualmente, …

Fiquei confusa! Voltei a casa e liguei a Tv. Falavam do assunto. Liguei o computador. No mural do facebook uma aplicação perguntava se eu queria avisar aos meus contactos que estava bem, e outra permitia-me colocar a bandeira francesa na minha foto de perfil, coisa que não fiz. Não o fiz por ter a convicção que o mundo é muito maior do que Paris e França, e que acontecem desgraças em todo o lado e todos os dias. Fiz uma escolha. Mas, gostei do gesto que quem optou por colocar a bandeira em jeito de homenagem, porque demonstrou união.

Na "fotografia" ficou mal, a evidente desigualdade com que uma empresa mundial, como o é, o Facebook, trata os seus utilizadores (parece que uns valem a pena o investimento em aplicações e os outros não). Somos todos diferentes mas deviamos ter os mesmos direitos, mas não é essa a realidade e ficou evidente nesta rede social. Não foi bonito!

 

Essa União de que dependemos para nos mantermos em "Paz", é o que estes ataques querem quebrar. As armas são a enxada que semeia o medo, para colher os ódios que quebrem essa União, para que assim esses Anormais tenham o terreno fértil para chegar e ganhar.

 

E é aqui, que comecei a ficar realmente preocupada.

 

Tenho muita pena das pessoas que morreram, e quem me dera ter o poder de as trazer de volta ou de impedir que se tivessem ido de forma tão cruel e horrível. Tenho pena dos mortos de Paris, dos mortos do Líbano, dos mortos do Mediterrâneo, dos mortos da Síria, dos mortos de Mariana em Minas Gerais no Brasil (cuja actuação das autoridades brasileiras, tem sido uma vergonha), ….

Tenho pena! Mas tenho mais pena da nossa incapacidade de seguir, sem cair nos “jogos” destes terroristas.

 

No dia-a-dia, a vida segue igual neste canto onde vivo. As vítimas foram lembradas, as escolas explicaram aos alunos o que aconteceu, mas continuamos a levantar-nos, a ir levar os pequenos à escola, a correr para o trabalho, a reclamar dos preços no supermercado, …

De alguma forma, podermos continuar a fazer o nosso dia-a-dia significa que estes Anormais, ainda não venceram. E isso é um descanso.

Mas, quando o assunto surge entre nós cidadãos, invariavelmente a procura de culpados começa e os acusados são quase sempre os mesmos: “os refugiados”. Se ligarmos o computador, descobrimos a mesma tendência. Acontece que essa acusação não circula entre sites de notícias credíveis, ela circula entre sites de credibilidade mais que duvidosa, e vê-se reflectida nos comentários dos usuários. E são estas notícias que apelam à xenofobia, as que mais partilhas conseguem.

Fico na dúvida se as pessoas têm preguiça de se informarem correctamente, ou se apenas esperam algo com que se identifiquem e assim justifiquem o seu lado mais obscuro?

 

Os comentários tendem a ser agressivos com certas raças e religiões. E colocam tudo no mesmo saco, como se a violência fosse exclusividade de algum tipo de gente.

Se assim fosse, os portugueses, poderiam ser considerados pessoas muito perigosas e eu estaria presa, ou a viver à margem da sociedade. Afinal por volta do ano 1500, andávamos a conquistar este Mundo, a bordo de caravelas e com muito maus modos. Perguntem ao povo Brasileiro, que recordações permanecem na memória colectiva, acerca da chegada e permanência dos portugueses no seu território. Provavelmente falarão de chacinas aos nativos, de conversão forçada ao catolicismo, em impostos pesados sobre a matéria-prima tirada desse território, a escravatura e etc…

Infelizmente, a violência não é exclusiva de nenhuma raça, ou religião. Se assim fosse, erradicá-la seria mais fácil.

 

O problema da violência é quando encontra terreno para se alastrar. Um exemplo foi a ascensão de Hitler ao poder. "Hitler fez muito mal à Humanidade", dirão. E eu concordo, mas corrijo a frase “Em nome de Hitler foi feito muito mal à Humanidade”.

Hitler sozinho teria cortado o pêlo ao gato. Ele só pode chegar a ser o monstro que foi, porque encontrou terreno fértil e soube utilizá-lo para os seus sonhos maquiavélicos. A Alemanha acabava de perder uma guerra, e o medo da pobreza e a incerteza no futuro da maioria da população, foi terreno perfeito para plantar o ódio contra os judeus, e a partir de aí começar a espalhar horror. Os humanos precisam sempre de encontrar culpados, se alguém lhos apresenta, passa a fazer parte dos “amigos”, e foi essa fraqueza humana que Hitler soube aproveitar. E estes Anormais querem repetir a receita.

O assustador é que parece que vão conseguindo. O que ouço falar e o que vejo na rede, assusta-me.

 

Estes Anormais patrocinados por negócios como os das armas (que ainda não percebi, porque é que não são mais controlados e mesmos empurrados para a extinção), o petróleo ou a venda de obras de arte roubadas (uma ironia com Paris!), têm o segredo do sucesso do seu crescimento na recruta que fazem de ocidentais para as suas fileiras e no povo Sírio que fizeram refém e transformaram em escravo. Sozinhos, eles não fariam nada, mas enquanto existir quem os apoie e se some às suas causas, eles poderão fazer tudo. E não é preciso subir a um avião e ir para a Síria, para os apoiar, basta andar por cá a escupir ódio pela vida e pelas redes sociais.

 

Existe um fenómeno muito aproveitado por pseudo-estrelas que é coleccionar “haters”. Parece que não tem relação com o terrorismo, mas eu não descartaria tão facilmente. Algumas pseudo-estrelas, conseguem fazer dinheiro, exactamente porque estas pessoas os “odeiam”. Odeiam tanto que não perdem oportunidade de visitar a sua página na internet, de comprar a revista para dar uma vista de olhos na entrevista e assim confirmarem que “têm razão em odiar tanto aquela figura”. Estes “haters” conseguem matéria para as suas críticas, e os odiados conseguem uns euros pelas visitas e vendas. É quase como uma simbiose parasitária, precisam um do outro para “ser”, mas passam a vida a incomodar-se um ao outro.

Eu acho que o terrorismo, também precisa de “pessoas de bem” carregadas de ódio (haters), porque só assim chegam às massas. É a sua forma de ganhar proximidade, o seu veìculo.

 

As pessoas acusarem os “refugiados”, que fogem do mesmo que nos provocou medo a nós, é dar a vitória a estes Anormais, é ser participante do seu jogo.

 

Estes Anormais que precisam de algum elo de empatia com quem depois irá acabar o serviço por eles, e escolheram a religião. Desta forma, também tentam justificar os seus actos medonhos, e assim aumentarem as possibilidades de outros se identificarem. E isso é assustador. E ainda mais quando vemos, as pessoas a entrar neste jogo e começarem a lançar acusações generalizadas contra os praticantes de determinado credo.

 

A primeira coisa que devíamos esclarecer é que terrorismo e religião não são a mesma coisa. Fazem-se muitos disparates em nome da religião, mas normalmente o crente, acredita no seu Deus. E Deus é todo-poderoso, se precisasse de vingar-se, fá-lo-ia sozinho. Não precisaria que nenhum humano tomasse as suas dores e armas e andasse pelo mundo a vingá-lo. Se Deus manda anjos à Terra, provoca as pragas, e faz dilúvios, não precisa de “mensageiros” para nada.

Este apresentador Turco de nome Cenk Uygur, explica isso muito bem:

 No canal Youtube "Luc Anderssen".

Os terroristas não acreditam em Deus, se o fizessem teriam medo do inferno. Eles apenas acreditam no seu ódio, e encontraram neste momento e junto da população europeia, a conjunção ideal para lhe dar voz.

E claro, a droga consumida deve explicar o fanatismo e a ausência de empatia e respeito pela vida.

 

Entre os recrutas europeus que têm conseguido angariar, a grande maioria são muçulmanos de segunda e terceira geração, e uma boa parte nascidos em França e Inglaterra, o que nos leva a pensar que existe um problema na educação e integração destas populações.

"Eles é que não se querem integrar", dirão alguns. Não acho que seja assim tão simples.

Parece-me que, por exemplo, a Alemanha tem tido mais sucesso nesta acção de integrar estas comunidades, do que a França. E a comunidade muçulmana na Alemanha também é muito grande.

Fica a pergunta: Por que é que na Alemanha eles se têm integrado e na França não? Existe realmente alguma diferença? 

Até onde eu sei, a França é mais tolerante com alguns costumes desta comunidade que a Alemanha. Na Alemanha, por exemplo, proibiram o uso do lenço em espaços públicos, mas na França é proibido tirar fotos para os documentos com partes da cabeça tapada excepto para as pessoas desta comunidade. Apenas um exemplo!

 

Acho que existe um problema, e que deve ser estudado e sanado, principalmente agora que estamos a receber uma massa de gente oriunda desta cultura.

É essencial que façamos a sua integração com sucesso.

 

O Daesh sabe disso, ao mesmo tempo que sabe que está a perder mão-de-obra escrava a cada fuga para a europa, e por isso está tão empenhado em lançar o terror, por estas terras.

Se culparmos os “refugiados”, “os muçulmanos”, o “islão”, ou outro credo qualquer por todos os episódios de horror que vivemos ou possamos vir a viver, acabaremos a matar-nos uns aos outros, e assim pouparemos que eles venham cá gastar as suas munições para ganhar esta Guerra. Faremos o trabalho sujo por eles.

Se cairmos neste jogo de ódio que nos propõem, eles sairão vencedores.

 

Combatê-los implica continuar unidos e solidários (não essa cobrança de solidariedade alheia que corre as redes sociais, onde se discute mais quem apoia o quê do que a própria causa).

 

E os nossos governos terão de ser um reflexo dessa mesma união. Sozinhos somos fracos, mas unidos vencemos de certeza (temos com "quê"!). Os nossos governos terão de ser mais inteligentes e perceber que não basta enviar armas de destruição para o território destes Anormais, e reforçar as equipas de Inteligência no nosso território. Precisam fazer mais.

 

Esta Guerra é um jogo político alimentado pelo poder económico. Controlar esse poder económico com mais eficácia, vai ser crucial.

 

Terão coragem para o fazer?

 

Por que é que falei mais de Paris do que do resto das desgraças que assolaram o mundo esta semana? Por uma questão de proximidade (da mesma forma que chorarei mais a morte de um familiar, do que de um dirigente da minha empresa, apesar da causa da morte ser a mesma). E, porque acho que falando do terrorismo em Paris, estamos a falar de Terrorismo que é a causa de todos os atentados e desgraças de grande magnitude no mundo, esta semana. Mesmo o caso de Mariana, no Brasil, acredito que se tratou de terrorismo, mas de outro tipo. No caso do Brasil, não se empunharam armas, empunhou-se dinheiro e corrupção. E a corrupção também mata, mais discretamente, mas mata. 

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