Como ensinar RESPONSABILIDADE a uma criança sem recorrer à violenta palmada ou a castigos constantes?
Acredito que a fórmula é: explicar e deixar a criança enfrentar as consequências (ter atenção à idade e ao tipo de consequência).
Por exemplo, se partiu o brinquedo, fica sem ele e ponto final. Não vou a correr tentar encontrar outro ou algo que o substitua, mas explico o que é que aconteceu e o resultado que ele vai obter por esse comportamento. Explico com palavras o melhor soletradas que posso e não acredito que uma palmada tenha essa capacidade de se explicar. Claro que ele fica triste e chora e eu deixo, chorar é um direito seu. (Também jà lhe expliquei que tem direito a estar triste.)
Ultimamente a frase mais ouvida entre o meu filho e os amigos é:
“C'est pas fait exprès” (ou seja, “Não fiz despropósito.”)
Durante um tempo ouvi e dei o devido desconto, mas um belo dia tive de colocar travão, porque parecia que se podia fazer tudo desde que “não fosse despropósito”. Como é que eu coloquei travão?
Chamei-os e expliquei-lhes que mesmo sem intenção, os nossos atos têm consequências e é preciso parar um bocadinho e pensar naquilo que vamos fazer se depois não queremos lamentar.
Sempre que um aleijava o outro e vinha fazer queixinha eu fazia-os (e faço) refletir no comportamento que levou àquele resultado para que comecem a ter consciência de si mesmos e do impacto que as suas ações podem ter nos outros. Se aprenderem a identificar, começam a ter consciência e assim podem evitá-lo.
E ultimamente a frase que eles mais me ouvem dizer é:
“Liberté et responsabilité sont les deux faces d'une même pièce. Sont la même chose.” (“Liberdade e responsabilidade são as duas faces da mesma peça. São a mesma coisa.”)
Com idades entre os 7 e 8 anos já começam a entender os conceitos e quero que cresçam sabendo que uma coisa não está separada da outra. Ao longo da sua vida (pelo menos o meu filho) vão-se lembrar das palavras daquela louca do 53 (euzinha).
O resto, a vida faz, porque se não dormes tens sono, se não comes tens fome, se não respeitas é provável que não te respeitem, se partes não tens, se não ajudas não te ajudam, etc… Ou seja, para toda a escolha que se faz livremente existe uma consequência que é sua responsabilidade enfrentar!
O melhor é aprender a fazer boas escolhas, ouvindo os bons conselhos, mas isso são eles que terão de perceber, não vale a pena impor, muito menos à bofetada.
O meu papel é estar atenta, explicar o que tiver de ser explicado e ter paciência para o fazer mil vezes, até que seja bem-entendido.
E nunca me esquecer que sou o principal exemplo, para tudo o que tento ensinar. Se digo que é preciso dizer “bom dia”, tenho de ser a primeira a fazê-lo em todas as ocasiões. Se digo que é preciso olhar para atravessar a estrada, convém que ele me veja a fazê-lo. Se digo que o tabaco é mau, então não devo fumar (se fumar, devo explicar por que é que fumo, qual é a dificuldade que enfrento com o vício e por que é que ele deve evitar cair no mesmo erro). No final, o segredo é ser COERENTE, eu creio!