Bullying
Faz sentido reflectir sobre este assunto na abertura de mais um ano escolar. Existe muito material sobre este assunto a correr a net, mas existe um ponto que me parece passa demasiado despercebido: as relações sociais no seu todo.
Gostamos muito de agrupar, empacotar, etiquetar, resumir, etc... os assuntos para que fiquem mais simples de digerir e compreender mas neste caso parece-me perigoso. Neste caso e em quase todos os que englobam educação. Verificar que assuntos "não directos" podem estar a interferir nas dinâmicas dos comportamentos humanos parece-me fundamental.
E:
Enquanto os adultos tratarem as crianças como sua propriedade, estamos a ensinar a usar poder da forma errada.
Enquanto os adultos acharem normal dois meninos lutarem, estamos a ensinar a resolver as diferenças da forma errada.
Enquanto os adultos chamarem a atenção das meninas para determinadas tarefas em detrimento dos rapazes na mesma situação, estamos a ensinar a partilhar da forma errada.
Enquanto os adultos ensinarem a obedecer de acordo ao status quo, estamos a ensinar o respeito de uma forma errada e perigosa.
Enquanto os adultos derem mais importância a uma marca de sapatos que à sua utilidade real, estamos a ensinar valor da forma incorrecta.
E poderia continuar e continuar...
O bullying pode ser uma forma de violência escolar, mas a verdade é que as formação das pessoas se faz em todas as situações da vida com os exemplos dos adultos referentes.
Eu até posso achar que sou bom exemplo porque não me meto em confusões, mas se perante as confusões alheias eu me acobardo de tomar a atitude correcta, estou a dar um mau exemplo e por consequência a dar um mau seguimento educacional.
Quando nos vemos perante determinadas situações, buscamos os nossos referentes emocionais para nos orientarem na forma de proceder. Se nos ensinaram a obedecer cegamente, vamos fazê-lo mesmo que isso nos mate. Se nos ensinaram que o poder é uma questão de abusar do mais fraco, não hesitaremos a fazê-lo.
E sim, a vida vai ensinar, mas pode ser demasiado tarde. E pelos numeros da violência, quase sempre a lição da vida chegou demasiado tarde, por isso, devemos ajudar reflectindo nas consequências da forma como educamos e ir corrigindo.