Assédio moral, onde fica o limite?
Olá! Como estão? Eu voltei, porque hoje sinto-me uma pessoa "MUITO IMPORTANTE".
Sim, mi gente. Eu, uma simples secretária em partime, tive o privilégio de juntar numa sala de reuniões durante mais de duas horas, quatro directores homens a atacar o meu carácter. SURREAL!
Queixas sobre o meu trabalho? Não há.
Queixas sobre faltas de respeito? Não há.
Queixas porque eu prejudiquei de alguma forma alguém ou alguma coisa? Não há.
Então o que motivou tal "privilégio"?
Com o confinamento e fazendo parte dos doentes de risco, precisei de algumas diligências especiais, como recorrer ao teletrabalho. Que é imposto pela lei das emergências em casos de pandemia e excepção.
Parece que os meus directores não entendem como é que isso se faz e não podendo atacar o meu trabalho, resolveram atacar a minha personalidade.
Argumentos:
- não faço um passeio diário pelos quatro andares da empresa a dizer bom dia.
- não repito o passeio para dizer adeus
- não me envolvo em conversas sociais que não me despertam o mínimo interesse, tais como "onde compraste esses sapatos; onde comeste ontem; onde vais de férias amanhã".
- envio emails constantemente a pedir os documentos em falta para poder produzir o meu trabalho e isso enche-lhes a caixa
Mas, a cereja do bolo, foi o atentado que o CEO tentou fazer à minha liberdade de expressão ao me proibir de falar a minha língua materna nas instalações da empresa. HILARIANTE!
Alguém devia explicar aos responsáveis directivos que estar à frente de uma empresa, não os faz donos de um território independente das leis em vigor. Só para evitarmos que alguém morra a rir com estas birras irreais, que ficam mal a quem tem mais de 5 anos.
Perante falta de argumentação contra a minha defesa, fizeram questão de me dizer que não querem sindicatos na empresa. Outro direito que me poderia assistir, mas que nem precisavam remarcar, afinal o sindicalismo dá muito trabalho e há outros meios e autoridades de fazer valer os meus direitos, assim como existem leis que ditam as minhas obrigações. Essas benditas leis que eles tentam driblar, são as que os protegem a eles também. DETALHITO!!
Partilhei isto convosco porque sou "MUITO IMPORTANTE", mas também porque gostaria que me esclarecessem umas coisitas:
- Qual é a lei que permite a um empregador obrigar o colaborador a usar determinada língua nos espaços sociais de uma empresa?
- Qual é a lei que obriga ao passeio do "bom dia"?
- Ser fechada numa sala com quatro directivos a atacar o meu carácter, pode ser considerado assédio moral?
A pergunta mais importante de todas: Em que século estamos? E já agora, continuamos em espaço europeu?
Seria interessante estudar e reflectir em como as políticas de imigração coloboram para este tipo de abuso, ao deixar o imigrante completamente vulnerável a este tipo de acosso.