Buscar justiça
Já partilhei por aqui que estou sem dormir uma noite completa desde que regressei a Portugal. A minha saúde está a degradar-se e eu sou o sustento da minha casa, do meu filho e da minha mãe que mora connosco. Preciso dormir. Algo tão necessário como beber, mas que por qualquer motivo deixou de ser um direito nesta nação (ou pelo menos na parte que me toca viver).
Assim que, depois de tentar, por diversas vias, pedir aos meus vizinhos que acabem com o ruído nos períodos de descanso, sem sucesso, restou-me a via judicial. Para seguir esse caminho é preciso um advogado. Com tanto tempo fora perderam-se contactos, por isso pedi que me indicassem alguém. De boa-fé indicaram-me uma advogada lá da terra, formada há pouco.
Na semana passada liguei-lhe, expliquei a situação e ela aceitou representar-me. Indicou-me que deveríamos começar por umas cartas registadas, para que as pessoas entendessem a gravidade do assunto. Aceitei, assim que, no dia seguinte enviei-lhe por mail os documentos pedidos e um resumo da situação. Passou uma semana sem nenhum retorno. Enviei uma mensagem que ficou sem resposta e comecei a preocupar-me. Hoje liguei a perguntar o estado da minha situação.
Devolveu-me a chamada, um par de horas depois e começaram os problemas. Começou-me a ler as cartas por telefone. Pedi-lhe que me enviasse uma cópia por mail para eu ler com atenção, afinal o conteúdo da carta será assumido por mim, tanto social como economicamente. Para meu espanto, a Sra. dra., recusou-se a dar-me a cópia do documento que eu vou pagar e com o qual eu assinarei "guerra" oficial com os vizinhos, alegando que é ela que a vai assinar e que ela não divulga o seu trabalho.
Ou seja, o que deveria ser uma parceria entre cliente e advogado, ela quer transformar num: ela manda, eu pago e assumo as consequências.
Apesar do inusitado da situação, foi bom ela assumir esta postura desde o começo, porque assim pude dispensá-la de imediato. Não quero confiar uma situação tão delicada, para mim, em alguém mais preocupado em perder uns trocos, do que em fazer o melhor trabalho possível. Se eu tinha alguma dúvida na hora que a dispensei, logo se dissipou quando em menos de cinco minutos de ter desligado a chamada, já estava a receber a factura do serviço que ela não prestou. Está a cobrar-me a módica quantia de 73.80€ por me ter atendido a chamada e me ter empatado o processo uma semana.
Se assim vai o nosso país, entende-se porque não saímos da cauda da Europa apesar do pesado investimento em publicidade para nos fazer parecer o que ainda nos falta para ser.