A culpa é...
Sempre que algo corre mal a alguém que me rodeia eu acabo a ver essa pessoa à procura de culpados. Sempre me pergunto « como é que isso vai resolver o problema ? ».
Até hoje saber quem é o culpado não resolveu nenhum problema. Esse é o grande problema da justiça, acho eu, porque apesar de nos dar a sensação que houve algum tipo de correcção e é importante que assim seja, a verdade é que condenar a 100 anos um assassino não nos traz de volta aquele que ele matou. Para mim a justiça não corrige, o seu papel é fazer-nos acreditar que tudo tem um preço e assim sentirmos que a balança se equilibra um pouco.
A justiça não corrige as situações, não resolve os problemas, então porque é que em vez de tentarmos automaticamente analisar as circunstâncias e assim percebermos o que é preciso fazer para as resolver, nos limitamos a procurar culpados ?
Porque nos ensinaram que se a culpa é dos outros nós podemos vitimar-nos e assim nada nos vai ser exigido para resolver a situação. Então ficamos rodeados de gente com vidas horríveis, porque nada fazem para resolver os problemas.
Quando este sistema chega à politica, os níveis de manipulação podem muito perigosos. Afinal se a culpa é do inimigo eu posso não fazer nada para resolver realmente as situações.
Hitler culpou os judeus pela sorte dos alemãs, levando a uma guerra que só destruiu deixando feridas que ainda hoje se sentem. Eu não vivi a guerra e sinto-as.
Maduro não consegue governar a Venezuela por causa da oposição e dos governos exteriores e levou um povo livre e alegre a profundas dificuldades.
Trump não consegue produzir riqueza nos EUA e a culpa é dos imigrantes e como resultado tem colocado o mundo em alerta e a preparar-se para resolver os problemas à moda antiga como se a humanidade não tivesse milhões de anos de evolução.
Creio que vale a pena rever essas posturas, seja a nível pessoal ou a nível governamental.
Toda a energia que se coloca em arranjar inimigos pode ser redireccionada para olhar as circunstâncias e perceber como é que elas podem ser mudadas por nós para que realmente exista uma solução e não apenas mais um conflito.
Tenho de confessar que cresci num ambiente onde a culpa é quase sempre dos outros e que apenas quando me fartei de viver problemas ou em problemas é que me questionei se não existia outro caminho e descobri que sim.
Por exemplo, em vez de me chatear com a minha colega de trabalho que me puxou o tapete, eu ignoro-a e esforço-me para provar o que realmente sei fazer para deixar claro porque é que estou aí. Toda a energia que ia perder a confronta-la ou a arranjar uma vingança, direcciono-a para aprender mais e assim retirar qualquer argumento que ela pudesse querer usar.
E a nível governamental creio que o exemplo da Alemanha é bom. Depois de ser destruída pelas politicas de “nós contra os culpados”, a Alemanha percebeu que criar alianças com os vizinhos lhe era mais lucrativo e vejam os resultados actuais.
Vale a pena pensar nisso, não?