A Imprensa, a solidariedade e a mais "recente" guerra!
A imprensa tem uma nova "coqueluche", como se o mundo fosse feito de um problema de cada vez. Um dos problemas de que a imprensa não fala é o que ela mesma fabrica: dividir opiniões de forma simplificada.
Entre o HAMAS e ISRAEL não há um vilão e um inocente, como a imprensa se tem esforçado para criar. NESTA HISTÓRIA HÁ DOIS VILÕES: o HAMAS e A POLÍTICA ISRAELITA. Para apoiar esses dois vilões temos a imprensa e a política dos países "diz que ricos". Não devemos esquecer que a atual situação geográfica dos povos palestinos e israelitas é consequência da interferência da Inglaterra e da França.
Israel diz que destruirá o Hamas, tudo bem, o mundo não precisa de mais terroristas, contudo, se Israel continuar a tratar todo o povo palestino como tem tratado até aqui, quantos grupos mais de gente sem nada a perder surgirão? A quem é que este conflito vai beneficiar?
Na guerra da Ucrânia já ficou claro que está a beneficiar o capitalismo europeu como nunca: com as velhas fortunas a aumentar exponencialmente e o velho poder do rico sobre os mais pobres a reinstalar-se sem que ninguém ouse levantar os olhos para depois não ter de enfrentar a própria mediocridade. Mas e a guerra que se está a formar nas velhas terras a quem vai beneficiar? A nós? Não, com certeza. Ao povo israelita que está a ser obrigado a abandonar as casas? Não creio. Aos palestinos que estão sem casa, sem água, sem nada há décadas? Muito menos.
A imprensa tem lançado gasolina para a fogueira: são horas e horas de especialistas e pseudo-especialistas a falar do conflito e da história deste. O que não se vê são as organizações, que os povos do mundo empoderaram para que evitassem estas situações através de políticas e diplomacia, à procura de soluções, com discursos de paz e soluções que depois de tantas décadas já deviam estar delineadas. Em último recurso que a imprensa desse mais voz e espaço para a discussão e aplicação do Acordo de Oslo, porque pode que não seja perfeito, mas é melhor que alimentar o conflito.
É preciso acabar com o terrorismo? Óbvio. Porém não é criando mais terrorismo que se acaba com ele. Não é apoiando a atual política israelita cegamente que se acaba com o terror. Não é condenando todo um povo, que se acaba com o terror. Não é dificultando a ajuda humanitária que se acaba com o terror. Pelo contrário, assim estão a fabricar os donos do terror futuros.
A história está aí a mostrar-nos isso mesmo. Não é nada novo. Vejam a recente história da Europa: quando terminou a primeira guerra, os países vencedores acharam-se no direito de condenar todo o povo alemão, obrigando-o a pagar com "suor e vida" os estragos que muitos nem entendiam, porque não estavam de acordo, porque como a maioria de nós se limitavam a trabalhar e sobreviver. Resultado? Uma segunda guerra pior do que a primeira. Não somos uma raça inteligente? Supostamente. Então, por que razão insistimos em não aprender? Porquê? Qual é a razão que nos leva a repetir os mesmos erros em tão pouco tempo.Tanto se fala de IA (inteligência artificial), mas aí está uma situação que nem os humanos conseguem responder, o que dirá a IA.
Antigamente, havia a desculpa do "não sabíamos", porque morrendo os mais velhos a história apagava-se. Porém, depois de Gutenberg e da sua invenção essa desculpa deixou de ter validade. Hoje em dia não só temos os registos, os que os vencedores querem, mas não deixam de ser registos, mas também temos aulas de história obrigatórias nas escolas, dos primeiros mundos. Assim que não devia haver razão para estarmos a discutir de que lado estamos nesse conflito, porque a discussão devia centrar-se em "isto já foi longe demais, e qual é o acordo que a comunidade internacional, alimentada pelos povos do mundo, pode pôr em cima da mesa para pressionar a sua aplicação com o número mínimo de mortes possíveis.
E o que se faz com quem cometeu aquelas atrocidades? Aprendamos com os EUA, que perseguiu durante o tempo necessário até poder eliminá-los sem colocar inocentes em risco. Ou pelo menos, assim nos venderam a história e não me parece tão mal. Claro, que não devemos esquecer aqueles que têm mantido o cerco ao povo, porque não são mais inocentes do que os outros.
No fundo, eu questiono o que têm a ganhar, mas creio que tenho parte da resposta: o dinheiro. Sim: o dinheiro! O dinheiro que os países mais ricos enviam, o dinheiro que os povos juntam para enviar e ajudar esses povos oprimidos. Esse $dinheiro$ vai acabar se deixar de haver conflito e isso não interessa a quem tem a responsabilidade de o receber. Afinal quem recebe decide como se dividirá pelos diferentes problemas, e os problemas mais urgentes são os do próprio. Primeiro enche-se a mesa lá de casa, arranja-se a mansão, faz-se uma "poupancita", distribui-se uns subornos para garantir uns serviços especiais e depois, com o que sobrar, ajudam-se as escolas, as mesas do povo a ter comida, etc.
Isto é maior do que qualquer um de nós, o que gostaria que ficasse deste texto é a necessidade de refletir antes de escolher um lado para apoiar, porque isto não é um jogo de futebol, porque não há apenas um vilão nesta história, porque a imprensa não conta tudo e fala demais, porque as nossas autoridades podem e devem fazer muito mais e, principalmente, porque isto não é novo e se pudemos resolver no passado, devemos consultá-lo e colocar todos os esforços para nos inspirarmos nas soluções encontradas.
A situação da Ucrânia não pode ser comparada, como alguns estão a fazer. A Ucrânia estava sossegada, quando o invejoso do russo e dos seus próximos decidiu invadir, mesmo contra a oposição de uma grande maioria do seu povo. Israel mantém os palestinos reféns há décadas, não o esqueçamos. Isso não justifica a barbárie dos atos a que fomos obrigados a assistir nos últimos dias, mas também não torna Israel inocente nessa história. E quando me refiro a Israel neste contexto, falo das políticas e não do povo em geral.
Deixemos de nos comportar como aficionados e passemos a pensar como povo, e se fosse connosco? Queríamos dividir terras e entrar em acordos? Ou morrer num conflito militar que nada tem a ver com a existência da maioria de nós que se limita a trabalhar e tentar criar os seus filhos? Qual desses lados políticos te representa?
Não é para responder. Pelo menos, não enquanto não tivermos refletido um pouco.
Eu quero Paz e Prosperidade, políticas onde o diálogo seja central, onde as terras sejam tratadas como objetos do povo e não possessões de capitalistas, onde a solidariedade seja local e verificável, porque esses sistemas de enviar bens para longe servem para enriquecer alguns e não ajudam verdadeiramente os povos, pelo contrário, acabam por os condenar a permanecer nessas situações que justificam o envio do dinheiro e a recepção dele por parte de uns poucos. É uma pena! Mas, parece que é assim que tem funcionado.