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Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

As indicações médicas e a sua interpretação popular...

Vou falar sobre este assunto e contar um episódio depois de uma troca de comentários que me fez pensar no Blog “Bata & Batom”, um blog muito divertido e por isso mesmo com textos carregados de Ironias e outros recursos estilísticos.

 

Com as minhas andanças por esta vida, tenho reparado que apesar do ensino de Português ser obrigatório poucos entendem, porque é que a escola insiste em fazer-nos frequentar essa disciplina durante 12 anos (ou mais), quando nos primeiros 4 é suposto aprendermos a ler. É que uma coisa é saber descodificar este código alfabético transformado em palavras, frases, textos, … Outra é saber interpretar as suas subtilezas.

(Estão a ver aquela velha discussão sobre os limites do humor? Na realidade o problema não é o humor e os seus limites, mas a capacidade interpretativa de quem o lê, vê ou ouve.)

 

Eu sei que é suposto os alunos que vão para medicina serem pessoas muito, mas mesmo muito inteligentes, mas infelizmente tenho-me cruzado com alguns exemplos que me fazem questionar a forma “tão exigente” de selecção. São aqueles poucos casos que colocam em causa toda uma classe profissional (vejam o caso dos políticos que nem classe profissional é suposto ser: “alguém acredita em políticos honestos?!?!??!” Mas, esperemos que existam.), todo um povo, todo um continente.

 

Ao ler esta frase ""... mesmo sabendo que a saúde diminui empregos na minha área)!", imaginei logo, jovens a querer ir para medicina e ensinados/educados desde cedo que é preciso dinheiro, dinheiro, dinheiro e mais dinheiro para comprar, comprar e comprar e depois no intervalo se puderem fazer alguma coisa pela sua comunidade/humanidade excelente, a interiorizar a forma como evitar que as pessoas sejam saudáveis, sem dar nas vistas. Sei! Parece um delírio, mas passou-me pela cabeça.

 

Quem já não ouviu a conversa ou uma variante da mesma “Para se ser alguém é preciso parecer e para isso é preciso ganhar dinheiro. O melhor é ir para medicina ou direito. Engenharia também já deu dinheiro.” (Da felicidade não se fala durante estas educações! Isso depois dá dinheiro aos profissionais da psicologia (Ironia)).

 

Quando se entra num hospital português, e se sente a lotação das instalações e a exaustão dos profissionais, consegue-se perceber sem sobra de dúvidas quem está aí por amor “à camisola” que um dia decidiu vestir, e os que aí estão pelo Status que isso lhe pode proporcionar.

 

Uma vez, eu estava internada num hospital e a minha avó de 70 anos queria dar um frango à médica para que ela me atendesse melhor. Fiquei escandalizada e proibia de o fazer, mas isso ilustra muito bem como era fácil “comprar” os médicos há umas décadas atrás.

 

Também sabemos que apesar, dessa frase ter sido proferido como uma brincadeira no blog pela sua autora, a verdade é que não deixa de ser verdade que os doentes dão muito mais a ganhar ao sector que as pessoas saudáveis. Vejam só o negócio milionário do Plasma sanguíneo em Portugal, que uma reportagem da TVI colocou em evidência: os doadores DÃO O SEU SANGUE (que em países como os EUA é pago a cerca de 50€ por dador) PARA AJUDAR OS OUTROS e o plasma é mandado para o lixo com todas as despesas que isso acarreta na sua eliminação, para depois irmos comprar à "Octopharma" esse mesmo produto.

 

Para se ter uma ideia, o plasma tem cotação internacional e um litro de plasma pode valer 120 euros no estrangeiro, mais do que vale um barril de petróleo.” – Reportagem Investigação TVI.

 

Existe um negócio ligado à saúde, muito maior do que um simples e leigo cidadão possa imaginar. A começar pela sobrevalorização dos preços de tudo o que tenha que ver com esse sector vital da sociedade e da vida de cada um! A publicidade controlada a ser contornada debaixo das barbas dos supervisores! Existe uma falta de transparência neste sector, colossal.

 

Já a falta de doentes causar baixas de empregos neste sector, é coisa que eu não acredito. Os profissionais de saúde serão sempre precisos, mesmo que seja para trabalhar na prevenção de doenças e isso gera sempre empregos. Com cidadãos mais saudáveis, não seria preciso a loucura que se vê nas instalações ligadas à saúde deste país com salas sempre cheias (e com uns a pegar gripes aos outros, dentro desses espaços), nem seria necessário os profissionais de saúde terem horários tão inumanos. Com horários mais de acordo com a condição humana destes profissionais, abrir-se-iam mais vagas no sector.

 Imagem de Amâncio/2009 no Blog "LusoPoemas".

saude8.jpg

 

Acredito que todos contribuiríamos com mais vigor para sustentar este sector com os nossos impostos (afinal devia ser para isso que eles deviam servir).

 

Mas na troca de comentários, a autora chamou-me a atenção para as pessoas que não seguem as indicações médicas. E isso contribui para que a medicina preventiva falhe.

 

Eu tenho andado a pensar nisso e lembrei-me de um episódio com uma mulher da minha família na casa dos 40 anos que vos vou contar:

 

Essa mulher fez análises sanguíneas e acusou colesterol alto (outro grande negócio, porque os supermercados estão carregados de alimentos que o fazem subir, e depois no mesmo espaço vendem-nos supostos “milagres” a preços exorbitantes para o fazer baixar). Os médicos normalmente dão as indicações de forma verbal, mas este tinha uns papéis imprimidos com os alimentos a evitar e os que deviam ser parte da dieta (é muito fácil quando falamos com o outro, assumir que ele sabe tanto como nós e que vai entender a mensagem da mesma forma, e a classe médica tropeça nesse erro vezes sem conta. Este médico estava preparado). Nesse papel cortava todas as formas de gordura, apenas permitia o consumo de azeite. Ouve-se há muito falar na imprensa e no boca-a boca que a gordura do azeite é saudável. Estes dois factores serão decisivos para o anunciado desastre.

Estávamos de férias e esses espaços são para ver e conviver com a família e fomos almoçar e jantar várias vezes à sua casa. Quando cheguei e vi o papel na porta do frigorífico, questionei do que se tratava e ela contou-me. Até aí tudo bem.

Durante a preparação do almoço o azeite foi colocado em todo o lado, na carne de porco à alentejana, no pãozinho tostado no forno para as entradas, na salada, … e eu a ver o azeite a ser colocado em “quantidades industriais” por todo o lado, perguntei:

- E para si? O que é que vai almoçar?

Fui olhada como se de repente me tivesse transfigurado num ser alienígena.

- Vou comer isto, com vocês.

- Ah! Como me disse que estava a tentar controlar o colesterol e tem colocado azeite em todo o lado, estranhei.

- Pois! Mas azeite pode ser. Está na lista dos alimentos permitidos e é uma gordura saudável.

Fiquei sem saber muito bem, como responder, mas disse-lhe:

- Apesar de ser uma das gorduras mais saudáveis, e o nosso organismo também precisar de gordura, o azeite não deixa de ser uma gordura. E se está com esse descontrolo devia dosear, pelo menos até voltar a valores recomendados.

Fui mais uma vez olhada com aquele olhar (estou habituada, tenho este talento para dizer sempre o que ninguém quer ouvir).

- A vida curta e uma pessoa tem de se fazer o gosto em alguma coisa.

Com esta resposta não voltei a abrir a boca sobre o assunto.

 

Esta senhora teve quatro filhos, que foram educados segundo este lema: aproveitar. Informar-se para tirar o melhor partido das coisas? Não. Aproveitar que depois o médico trata e o dinheiro paga. Este é apenas um episódio de muitos que poderia contar.

 

Falo disto tudo, porque sou das que acreditam que sem saúde a Humanidade é um lugar mais feio, e podia ser um local muito mais agradável. Se vamos ter de passar cá este intervalo entre o nascimento e a morte, então que seja uma experiência agradável.

 

Mas infelizmente estamos longe disso, porque o sector da saúde anda preocupado com o dinheiro e não com os doentes, porque os profissionais de saúde nem sempre apresentam a qualidade exigida e às vezes esquecem-se que na maioria das vezes falam para pessoas muito menos informadas que eles e por isso devem adaptar a comunicação ao alvo, e mesmo quando tudo isto funciona as pessoas falham por ignorância, falta de cultura, por não saberem interpretar um texto em português, porque não estão para se chatear muito.

 

Soluções?

 

Imediatas? Poucas ou nenhumas! Mas é preciso começar. O caminho começa sempre por um passo, dizem!

 

Mas, pode-se apostar numa educação melhor nas escolas: menos exames e junto com os outros conhecimentos técnicos, ensinar também conhecimentos práticos da vida comum. Na escola deviam alimentar as discussões nas salas de aula entre os conhecimentos populares e caseiros e os conhecimentos técnicos do assunto. Fazer os miúdos questionar os conhecimentos caseiros como por exemplo, o de colocar pasta de dentes ou manteiga nas queimaduras. Na minha casa fazia-se isso.

Aprendi num curso de primeiros socorros que isso está errado e porquê. O que deve fazer, é colocar a queimadura debaixo de água, para arrefecer a pele e evitar que o estrago se alastre, isto no caso de ser uma queimadura de primeiro ou segundo grau, as de terceiro têm outros cuidados.

Saber disso pode evitar problemas como infecções posteriores, mas ainda há uns dias aqui em casa o pequeno tocou no tacho em cima da mesa e apesar de não ter sido nada de grave, o meu marido foi directo ao pacote de manteiga, em vez de colocar o dedo debaixo da torneira da banca. Uma coisa mais grave sem eu estar por perto e podia ser complicado (agora o meu marido também sabe como proceder! Não preveni, actuei sobre a crise como é a MODA instalada!).

 

A população está mal informada, e na hora de se desembaraçar são os conhecimentos populares que prevalecem. Em alguns casos passa, mas noutros pode complicar ainda mais.

Por isso, é preciso mais campanhas de informação e mais próximas das pessoas, para entender a sua linguagem. Isso é uma oportunidade de criar empregos e evitar acidentes.

 

E claro que as políticas do sector mudem obrigando o sector económico a reajustar-se, e deixem de se ajustar às necessidades desse sector como ocorre nos dias de hoje.

 

Nas universidades, devem preparar os profissionais para a prevenir para não ter de curar. E os investigadores devem investigar as causas que levam a determinada doença, porque isso vai ajudar mais pessoas que limitar-se a procurar curas.

 

Ou seja, muito trabalho. Prevejo que nas próximas décadas não faltem empregos neste sector!

 

Boa saúde para todos! Fiquem bem!

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