Drogas que tu não precisas para doenças que tu não tens...
Depois de tantos anos a "passear" por corredores de hospital, tornou-se inevitável que algumas perguntas se levantassem.
Imaginemos que somos médicos e não estamos protegidos por nenhum estatuto (o caso dos EUA) e os nossos pacientes têm de gastar fortunas para acederem aos nossos serviços.
O que é nos vai passar pela cabeça?
Primeiro, preciso atender muitos pacientes para ganhar dinheiro e sobreviver.
Segundo, os meus pacientes evitam tanto quanto podem vir às minhas consultas porque é muito caro, tenho de fazer alguma coisa.
Falamos de sobrevivência. Falamos de sistemas de saúde sem nenhum apoio estatal. Falamos da lei da selva.
"Brilhantemente", as farmacêuticas desenvolveram os antidepressivos, os ansiolíticos, etc... Os médicos na necessidade de ter uma renda fixa, encontraram aí a resposta a todos os seus anseios.
Como é que o esquema funciona?
A vida é muito corrida e com muita facilidade se entra em estado de stress. Em vez de parar descansar e retomar, recorremos ao médico para ele nos aliviar o mais rápido possível. Ele sem hesitações e na ausência de sintomas concretos de doença prescreve uns comprimiditos para dormir melhor e assim descansar um pouco. Situação tão corriqueira que todos achamos isso o mais normal do mundo.
Onde mora o problema?
É que o nosso corpo, preguiçoso por natureza, habitua-se depressa demais a essas drogas e "desprograma" . É como se perdêssemos o programa que nos permitia adormecer sozinhos. E começamos a recorrer cada vez mais a esses comprimiditos. Como tudo o que é usado em excesso e sabendo que boas rotinas de sono são essenciais para nos mantermos saudáveis, não tarda os estados depressivos começam a aparecer. Ou simples tristezas mal diagnosticadas!!
E é aqui que a renda fixa do médico sem suporte nasce. A partir deste momento, nós vamos precisar de receitas médicas habitualmente. Então começa o ciclo de idas e voltas ao médico.
Ele ganha com a prescrição da receita, a farmácia com a venda do medicamento, o Estado com a cobrança dos impostos (que não reflecte no serviço de saúde).
E nós?
Nós estamos tão dopados que nem paramos para colocar questões e pensar como é que eu entrei nesta.😶
Vale a pena uma reflexão antes de deixarmos que os nossos governos terminem de vez com o SNS. Não acham?
(Isto é mais ou menos um ensaio, apesar de ter sido inspirado na situação americana actual que começa a aparecer nos jornais um pouco por todo o mundo. E não é por nada que as farmacêuticas são o sector que mais dinheiro faz no mundo.)