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Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Optar pela Infertilização ? Opções difíceis e definitivas da vida…

Quem me lê ou convive comigo, sabe que sou algo crítica com a «má maternidade». Sou apologista de uma “não mãe” em vez de uma “mãe má”. Dói-me “fisicamente” ver mulheres a exercer a maternidade com indiferença, como se não tivessem consciência da responsabilidade que escolheram ter: um filho, um futuro cidadão, um futuro integrante da sociedade que se quer em Paz. Essa Paz, só vai ocorrer quando todos os integrantes das sociedades deste Mundo sejam pessoas de bem e equilibradas, respeitadoras de si mesmas e dos outros.

Sabemos que os pequenos aprendem com exemplos, não com discursos. E eu pergunto-me:

“O que achará, aquela mulher que deixa o seu bebé berrar até lhe faltar o ar sem ir acarinhá-lo, que ele vai aprender?”

Acha que vai aprender a ser independente? Talvez. Mas ao preço da indiferença pelo sofrimento alheio? É isso que pretende: pessoas sem empatia pelos outros?  

Porque esse é o exemplo que lhe está a dar: que cada um se “amanhe” com as suas dores.

 

Nós adultos, quando temos um problema, o que fazemos? Sabemos que o temos de resolver sozinhos. Mas não sabe bem, não dá força e coragem, quando sabemos que no colo da nossa mãe, encontramos um refúgio para pensar e aliviar? Porque é que os bebés e as crianças não podem ter esse colo, enquanto se desenvolvem e descobrem quem são?

Se calhar sou uma pessoa estranha, mas eu enfrento a minha vida de forma independente, mas não abdico dos colos dos que me amam. E tento retribuir de igual forma. A vida fica um bocadinho mais bonita assim.

 

Mas não era disto que queria falar, queria falar da opção que algumas mulheres estão corajosamente a assumir: a de não serem mães.

 

Ser uma boa mãe, não é uma coisa matemática.

Já vi mulheres com muita sintonia com crianças, mas depois como mães vão de desastre em desastre, porque as crianças dos outros são giras: não nos acordam de noite, não sujam a casa, não andam todo o dia atrás de nós aos gritos, não nos dão preocupações com médicos, escolas e actividades, e etc…

E jà vi mulheres pelas quais eu não apostava um feijão sequer, e depois surpreendem-me. São mulheres que assumem o seu papel e tentam desempenhá-lo da melhor forma possível. São mulheres que estão presentes na vida dos filhos, que percebem o efémero e vital que é a sua infância, que entendem o valor dos exemplos, etc… Não abdicam de sonhos, apenas reconhecem o tempo e prioridade para cada coisa.

Mas isto não é matemático! Insisto!

 

Não se sabe à ciência certa, quem tem talento para a maternidade e quem não o tem de todo. O que eu sei, da minha experiência vivida é que essa opção é uma coisa que vai variando na vida. O desejo de ser mãe, varia de acordo com a nossa situação sentimental, o apoio familiar, a situação económica, os desejos profissionais,a situação social em que nos encontramos inseridos, as leis laborais de apoio ou não à maternidade, a qualidade da rede de educação da nossa sociedade, e etc… Na vida mudamos de opinião, de decisão, de opção de acordo com as circunstâncias, e que bom que assim é!

E nesta vida pode-se desistir de tudo: do marido, do emprego, da casa, do país, da religião, etc… mas não se pode desistir de um filho. Não se pode desistir de um filho de forma nenhuma. Por isso, optar por ser mãe tem de ser uma decisão tomada com consciência.

Imagem no site "Semprematerna".

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Mas acho que a decisão de não ser mãe, também tem de ser tomada com consciência. Aos 20 anos, muitas vezes nem sequer sabemos o que vamos fazer da nossa vida profissional ou sentimental, porque nos falta viver, experimentar, tentar, errar, corrigir, etc… Aos 20 anos, tomar uma decisão definitiva para toda a vida, parece-me um erro rotundo. Querer ser infertilizada, em tão tenra idade, pode transformar-se num pesadelo futuro. Aos 30, ainda não sabemos muito bem o que queremos, mas já acumulamos alguma experiência como adultos, teremos outras perspectivas, e se tomamos um caminho saudável na vida, já saberemos mais ou menos para onde queremos ir, e aí sim poderemos pensar em tomar uma decisão mais definitiva. Antes disso, acho que é um erro optar por uma infertilização definitiva.

 

Ainda mais numa época em que uma gravidez pode ser evitada das mais variadas formas: pílula (que tem os seus riscos, atenção!), preservativo, DIU (dispositivo intra-uterino), preservativo, etc… e as mais radicais como a vasectomia.

A vasectomia é uma pequena cirurgia que impede que a ejaculação tenha a presença de espermatozóides, e dessa forma impede a gravidez. No caso da vasectomia, existe a difícil “possibilidade” de reverter o processo, mas é muito mais difícil reverter no caso da laqueação das trompas. No caso da vasectomia, o homem não precisa de ser internado, e é usada anestesia local. A operação da mulher é mais complicada e aporta mais riscos.

 

Cá em casa, temos um filho (posso dizer que foi surpresa do destino, mas que não trocaria por nada deste Mundo, nem do Outro). Optamos por não ter mais filhos por questões de saúde e por acharmos que este Mundo não precisa de mais gente, precisa é de começar a tratar bem e correctamente a que tem, mas agradeço todos os dias ter tido a oportunidade de ser mãe. Acho que a maternidade me fica bem, apesar dos milhões de dificuldades que ela acrescentou à minha existência. A vasectomia foi o método contraceptivo escolhido, e com sucesso. Mas eu tenho 35 anos, e ele 38. Até à realização da intervenção, o preservativo foi a opção para evitar ficar novamente grávida.

 

Para se ser mãe, não é necessariamente obrigatório uma gravidez natural. Hoje em dia, existem outras opções: a fertilização in vitro, a barriga de aluguer, etc… e claro a adopção. Existem muitos meninos e meninas, que não tiveram a sorte de ter uma mamã e um papá que os cuide, e que esperam que alguém neste mundo os ame. O Amor é cuidar do outro, e pode nascer de todas as formas possíveis e inimagináveis, por isso podemos ser PAIS de qualquer criança, não é obrigatório que tenha sido gerada no nosso ventre.

 

Mas, quando somos jovens confundimo-nos muito entre amores e paixões. É a experiência da vida que nos vem encaixar as coisas no devido lugar. É a experiência da vida que nos vem ensinar que amar é cuidar do outro em qualquer circunstância. A paixão consome, o Amor cuida. A paixão tem prazo de validade, o Amor é eterno.

A paixão é aquela mala esquecida no armário, que na altura que a vimos sentimos que a queríamos ter de qualquer maneira, e entretanto ficou no armário do esquecimento. Sempre que a virmos, vamos achar linda, mas não voltará a provocar aquela ânsia de possuir: já é nossa.

O Amor é outra coisa. O Amor é aquela vontade serena de garantir que os nossos amores estejam bem, é aquela necessidade de acordar durante a noite para nos certificarmos qe continua a  respirar, é aquele telefonema que se faz para ouvir o tom de voz e saber que está bem, é apesar do cansaço do dia ainda ir ao supermercado comprar aquele chá que te pediram, esse sacrifício das nossas vontades em prol do bem-estar alheio é o Amor, esse bem-estar que sentimos quando o outro se encontra bem é o Amor.

Esse estado parece confundido durante a paixão, por isso é que eu dou sempre por conselho que vivam a paixão intensamente, mas com atenção para que não se tenham de tomar decisões definitivas nessa altura.

Vivam a paixão, e esperem um par de anos para decidir coisas importantes. "Sempre" e "Nunca" são palavras manhosas.

Um casamento não é uma festa, é um contracto de compromisso, que implica factores económicos, sentimentos, partilha de tudo e mais alguma coisa, convívio com as pessoas amadas pelo outro que nem sempre são do nosso agrado, cedências constantes, estar presente nas boas e nas más, etc… Um casamento não acaba num quarto de hotel lindo pago com o dinheiro das prendas da festa, eu diria até que começa depois disso. Por isso, cuidado.

E a maternidade encontra-se nesse pacote de coisas importantíssimas, com uma agravante: o casamento termina-se com a assinatura do divórcio, da maternidade não se desiste.

 

Estamos numa altura, em que começamos a aceitar a diferença dos outros com descontracção e naturalidade, e isso parece-me FANTÁSTICO. Adoro esse ambiente em que cada um pode assumir-se tal e qual é, sem receios. Ok! Ok! Ok! Eu sei, ainda vamos no início do caminho, ainda teremos muito caminho que percorrer. Mas estamos no caminho, demos o passo, e isso é importante e FANTÁSTICO.

Mas com essa convivência com a liberdade, os exageros começam também a aparecer. É preciso ter cuidado para não cair em erros. A liberdade é FANTÁSTICA, mas tem limites. Esquecer-se desses limites é um perigo, para nós e para os outros (isso aplica-se à liberdade e direitos dos nossos filhos).

 

O Primeiro e mais importante limite da liberdade, na minha opinião, é a liberdade alheia. Dizem e repetem muitas vezes a frase de A minha liberdade termina, onde começa a dos outros” (Frase atribuída a Herbert Spencer, filósofo do séc. XIX), e esta frase nem sempre é compreendida e colocada em prática, principalmente quando falamos de jogos de poder.

Acerca deste assunto deixo-vos este link, é um texto de uma aluna do 12° ano. Uma página, mas tem muito conteúdo para alguém tão jovem. (E fico a perguntar-me, porque é que acabaram com a disciplina de Filosofia que ajudava os jovens a aprender a pensar, a opinar e a respeitar o pensamento alheio?)

 

Mas coloquem atenção a esta passagem bíblica com a qual tropecei:

 

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma."  - 1° Livro dos Coríntios 6:12.

 

Tenho liberdade para fazer as escolhas que me apetecerem, mas realmente são do meu interesse? Realmente vão-me ajudar a ser mais feliz?

 

O uso da nossa liberdade é complexo. E conhecer os seus limites requer experiência de vida, tempo e muita paciência. “Colocar o carro à frente dos bois”, como se diz na gíria popular para ilustrar a pressa com que queremos alcançar as coisas, na maioria das vezes trás resultados amargos em vez de soluções duradouras.

 

A vida tem os seus ciclos, tentar respeitá-los, ajuda-nos mais que tentar ultrapassá-los.

 

No caso da maternidade, por mais que sintam AGORA que é essa a vossa vontade (e serve para os que querem e para os que não querem ter filhos), permitam-se ter tempo para amadurecer essa ideia. É uma decisão muito importante e definitiva.

 

A acusação que li,  de que “as mulheres que não querem ter filhos”, porque preferem realizar-se de outras formas, são pessoas egoístas é completamente absurda. Egoísmo é decidir ter um filho sem querer abdicar da sua vida organizada antes do seu nascimento. Egoísmo é querer ter tudo e não dar atenção a nada. É preciso ter cuidado, quando se fala das decisões alheias.

 

Informem-se correctamente e dêem-se tempo, é o conselho que deixo, para enfrentarem decisões importantes na vida. E lembrem-se: é a vossa vida, a opinião alheia é apenas a opinião alheia. Podemos e devemos escutar a opinião alheia (principalmente quando nos falam na experiência própria e não de suposições), mas devemos decidir individualmente o que é melhor para nós.

As decisões devem ser tomadas, sempre munidas da melhor e ampla informação e com tempo. 

 

Sejam Livres e Felizes!

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