Sabedoria de Coruja!
Desenho de Carla Tavares.
A Coruja representa a sabedoria.
Habitante da noite a coruja vê na escuridão, conhece o que nós não alcançamos. Os gregos preferiam a noite e a sua habitual paz para pensar e associaram este animal noctívago ao conhecimento.
Associamos a arte de pensar à cabeça e a de amar ao coração.
Carla Tavares autora do desenho que ilustra este post lembra que a coruja também tem um coração.
E é nesse local, o coração o sítio onde guardamos os amores, os amigos.
A amizade devia ser simples e natural.
Mas não é.
Cobramos muitas vezes aos amigos aquilo que nem nós estamos prontos para dar.
Nós queremos que estejam sempre presentes, e não nos lembrarmos que eles também têm uma vida para viver.
Zangamo-nos com os seus esquecimentos e nem percebemos que também os cometemos.
Chateamo-nos com as suas ausências sem explicação e nem percebemos que não nos querem sobrecarregar com os seus problemas.
Confundimos amizade com conhecidos.
Complicamos amizades com interesses pessoais e actos egoístas.
Quantificamos amigos e perdemos qualidade, porque quanto mais nos dividimos menos sobra.
Se é complicado encontrar amigos, mante-los é toda uma arte.
Porque somos exímios julgadores da amizade que nos prestam, mas nunca paramos para pensar que tipo de amigo "eu sou"!
O exercício pode ser angustiante, porque nos coloca de frente com os nossos defeitos.
Mas no mesmo momento em que nos conhecemos e aceitamos os nossos defeitos, que ganhamos o poder de os moldar, percebemos quem realmente está ao nosso lado.
É a cabeça a trabalhar para o coração.
Só quem realmente se conhece é capaz de partilhar e cuidar. Os amigos partilham momentos e cuidam-nos quando é preciso.
Aquelas pessoas que se mantém em contacto apesar da tonelada de defeitos que descobrimos ter são as que nos vão estender a mão quando nós precisarmos. São pessoas que nos aceitam e deixaram de nos julgar.
Estão aí! Mesmo à distância de um toque ou de uma simples mensagem de ânimo.
Apesar das longas distâncias espaciais ou temporais que se possam sentir, não nos angustiamos. Estão aí!
A coruja com o seu conhecimento da escuridão diz-nos que os caminhos do coração não se vêm, mas sentem-se. E sentem-se nos pequenos gestos.