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Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Aerdna no Mundo?

A definição da palavra "mundo", não é restrita. A minha preferida, engloba os vàrios conjuntos de realidades concretas e imaginadas. Aqui veremos o mundo pela escrita de Aerdna.

Somos filhos da indiferença!?!?!

Fomos filhos do desconhecimento, fomos filhos dos abismos sociais, hoje somos filhos da indiferença e amanhã seremos filhos de quê? Poderemos algum dia ser filhos do Amor?

 

Nos inícios da Humanidade a ignorância abundava, e incrivelmente ainda abunda. Nos inícios, tudo teve de ser descoberto e entendido. Nos inícios, sobrevivíamos.

 

Quando entendemos que construindo sociedades aumentávamos as nossas hipóteses de sobrevivência, não contamos com o poder do nosso ego. A sede de poder dividiu em pobres e ricos os humanos. A sede de poder continuou por estes milénios fora a dividir para reinar: brancos e pretos, inteligentes e “burros”, pobres e ricos, altos e baixos, etc… Essa divisão serve para manter a guerra acesa e entreter os tolos na luta, enquanto os “poderosos” aproveitam o seu lugar. E essa divisão só é possível através da manutenção minuciosa da ignorância da maioria.

 

Hoje em dia, os níveis de ignorância tendem a diminuir, mas não a desaparecer. De que vale ter todo o conhecimento do mundo à distância de um clique, se depois não sabemos interpretar o que vemos, lemos ou ouvimos.

E com a agravante que o conhecimento táctil e emocional, tende a ser cada vez menor. Sabemos toda a história da Humanidade sentados no sofá da nossa sala, e até sabemos que uma floresta tem cheiro de eucalipto e mofo durante a época das chuvas, porque está descrito num texto, mas se nos derem a cheirar essas duas fragâncias a nossa memória não vai voar até uma floresta, porque nunca conhecemos nenhuma de verdade.

A maioria desconhece o frio agradável que se sente na barriga quando se salta do tronco de uma árvore, como bate o coração depois de correr e rir só porque sim, da dor no peito que se aperta como se quisesse fechar quando se vê uma criança sozinha na rua a chorar perdida, e etc…

E desconhecemos tudo isso, porque nos tornamos indiferentes aos demais.

 

Hoje toda a nossa atenção está colocada em formas de cuidar o dinheiro. Transferimos os cuidados aos outros, para cuidarmos o dinheiro: passamos a vida a arranjar formas de ganhar dinheiro, de multiplicar dinheiro, de gastar dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro e mais dinheiro.

 

Resumimos a nossa Existência à obtenção de dinheiro.

 

 

Mandamos as crianças para a escola com horários mais preenchidos que o dos adultos para que se preparem para ganhar dinheiro quando forem grandes. Educar para que sejam felizes? Não. Elas precisam é de ganhar dinheiro.

Os pais e os adultos em geral organizam as rotinas diárias com formas cada vez mais criativas de ganhar dinheiro e gastá-lo.

As instituições públicas, que deviam gerir-se em torno de objectivos reais que satisfizessem as necessidades sociais, estão a ser geridas de forma a ganharem dinheiro.

Os políticos que deviam preocupar-se em cumprir a sua função de agente de equilíbrio dos interesses sociais, há muito tempo que são meros peões dos mercados, ou seja são “paus mandados” dos senhores sem rosto que precisam de fazer dinheiro. E tudo, para que possam garantir as suas próprias fontes de dinheiro.

E as empresas que deviam ser geridas de forma a equilibrar a necessidade de lucro, com as necessidades reais do mercado estão cada vez mais especializadas em criar falsas necessidades, para que possam encher as tabelas de vendas de lucros e assim distribuírem muito dinheiro nas reuniões de accionistas.

 

Toda sociedade ao redor deste Mundo, anda entretida a fazer dinheiro, a cuidar do dinheiro, a gastar muito dinheiro, tornando-se INDIFERENTE a tudo o resto. Estamos cada vez mais sozinhos, cada vez mais vazios, cada vez mais perdidos e estamos indiferentes, porque o importante é ter dinheiro.

 

Com dinheiro compra-se quase tudo, mas infelizmente não se recupera tempo perdido, não se compra felicidade, não se compra saúde (desconfio até que estragamos saúde quando o dinheiro abunda e a ignorância também).

 Imagem do site "Gazetainformativa".

economia-e-ma.jpg

O dinheiro passou de ser uma excelente solução para gerir e equilibrar a nossa necessidade de trocas, para ser uma PRAGA. O dinheiro é uma praga, porque o ser humano não sabe manter o equilíbrio. Sempre que algo nos parece uma boa solução, exploramo-la até virar um pesadelo.

 

Passou-se com a criação das indústrias: foram tantas e de forma tão desgovernada que agora vamos pagar com o desequilíbrio no meio-ambiente (que na realidade é ele o sustém da nossa existência e não o “amado” dinheiro). Passou-se com a utilização do carro, usamo-lo tanto que qualquer dia perdemos a capacidade de andar, mas também não teremos por onde andar, porque entretanto matamos a terra por asfixia com a emissão de gases constantes. Passa-se com internet, onde consumo é tão grande, que estamos a matar o convívio, foram milénios de luta para sabermos quem somos e para nos conhecermos uns aos outros, e agora isso vai ser apagado da memória emotiva, porque simplesmente estamos indiferentes, apenas apreciamos a presença de um ecrã.

 

E até os poderes andam perdidos, na sua sede de dinheiro (receita ideal para lançar uma Guerra, mais uma). Li algures que os políticos já não têm o poder que tinham, que agora quem governa na realidade é esse monstro sem rosto: o mercado financeiro. É verdade.

Mas, é verdade, porque os políticos tal e qual como nós também se levantam de manhã com um objectivo: fazer dinheiro.

Os políticos têm uma posição privilegiada, e na realidade, ainda têm o seu poder, porque se encontram numa posição intermédia, entre duas facções: os que produzem o real valor e os que usufruem dele.

Se os políticos decidirem cumprir a sua real função que é a de equilibrar a balança dos interesses sociais, irão com certeza enfrentar a ira dos mercados financeiros, mas terão o apoio da maioria da população. E a maioria tem a sua força.

 

Recordo a história de Rosa Parks. Rosa Parks, para quem não conhece, foi uma mulher americana negra que recusou ceder o seu lugar no autocarro a um homem americano branco. Podia ter sido apenas mais uma que recusava ceder a uma regra injusta, mas como teve o apoio da sua comunidade, esse seu gesto fez toda a diferença.

Nessa altura, por volta de 1955, nos EUA o racismo tinha moldes legislativos, para terem uma noção do absurdo a que chegava a situação.

Existiam quotas de assentos nos autocarros: dividiam os que eram para pessoas de pele branca e os que eram para pessoa de pele negra. Com a agravante de que as pessoas de pele branca podiam invadir a zona dos assentos destinados aos de pele negra, e obrigá-los a ceder o seu lugar.

Nesse dia, Rosa Parks estava com os azeites e cansada, por isso recusou. Teve de enfrentar a justiça, e foi condenada.

O que faz toda a diferença nesta história é o apoio da sua comunidade, que atacou onde mais dói aos supostos “poderosos”: o bolsinho.

A comunidade, liderada por Martin Luther King, e inspirada por esta injustiça resolveu boicotar os autocarros. A comunidade negra deixou de usar os autocarros para as suas deslocações. Gente habituada a ser sacrificada, não tem medo de enfrentar o sacrifício (lembrem-se sempre disso).

Resultado: menos dinheirinho a entrar no bolsinho dos empresários dos transportes. E era de tal forma a força do consumo dessa comunidade, que os levaram à falência, obrigando os políticos a ter de ceder, e a colocar-se ao lado da maioria, revendo a legislação.

Um ano depois, no dia 13 de Novembro de 1956 a segregação racial nos autocarros foi abolida em Montgomery. Um pequeno passo de uma grande luta, que se arrasta até aos dias de hoje.

 

O que eu queria ilustrar, com a história desta Mulher, é que a maioria tem a sua força e que os políticos dançam ao seu sabor.

 

Se a maioria não andasse tão indiferente, e entretida com os assuntos de dinheiro, teriam força suficiente para colocar a camada política a fazer o seu real trabalho: equilibrar os interesses da sociedade e a deixar a justiça cobrar dos que abusam (coisa que não fazem). Mas, como é que vamos cobrar isso, se adoramos uma “Black Friday”, para colocar mais dinheirinho na mão daqueles de quem nos queixamos, que nos exploram e abusam dos nossos direitos?

 

Somos nós que não sabemos ser comunidade, somos nós que não temos empatia com o sofrimento alheio, somos nós que preferimos calar em vez de enfrentar, somos nós que contribuímos para este destino vazio, somos nós que contribuímos com a nossa indiferença para este sistema cada vez mais escravizador, somos nós que desperdiçamos o NOSSO PODER de mudar, somos nós mesmos que nos condenamos.

 

Algum dia seremos capazes de domar o nosso ego?

Algum dia seremos capazes de satisfazer a sede de poder?

Algum dia poderemos amar o próximo, cuidar o próximo e recolher daí a verdadeira riqueza?

Algum dia?

Teremos tempo para essa mudança?

 

Enquanto andamos entretidos a tentar sobreviver conseguindo esmolas de dinheiro, vamos matando o nosso real sustento: O PLANETA TERRA. Sem o nosso planeta, não há dinheiro que nos salve.

 

Realizou-se no dia 30 de Novembro de 2015, em Paris, a Cimeira do Clima, que reuniu 195 chefes de Estado e do Governo do Mundo inteiro. Onde andavam as massas? Onde estavam as pessoas que realmente sofrem com o excesso de industrialização, que sofrem doenças como cancro sem saberem porquê, que vêem as suas casas destruídas por fenómenos climáticos que não entendemos apesar de levarmos um registo rigoroso há décadas, séculos inclusive, onde estavam essas massas?

 

Entretidas com o seu umbigo, e a descobrir formas de fazer dinheiro.

 

No início da Humanidade, descobrimos que precisávamos de construir sociedades para sobrevivermos, mas parece que esse conhecimento se diluiu no tempo, nos egos e nos jogos de poderes.

 

“Vida e Morte”, estamos presos a esse ciclo mais do que julgamos. Somos capazes de gerar vida, e temos capacidades para sustentar mais vida que a nossa mesma, mas também temos ignorância suficiente para a matar e irmos junto.

 

Volto a fazer a pergunta: Algum dia?

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