A Europa dos Direitos Humanos? Onde fica?
Tudo o que cai em exagero um dia "rebenta". A Europa actual voltou a esse estado: exagerou no seu estatuto de primeiro mundo, cheio de gente mais preocupada com futilidades do que com a existência e saudável convivência.
Isso é a falsa Paz, porque não está assente em valores e sim na circulação de dinheiro. Para o dinheiro circular na Europa, esta habituou-se a ir a outros territórios saquear as riquezas que por aqui não abundam e a não pagar, ou pagar muito pouco.
Um dia, a casa cai, as pessoas dos outros territórios precisam de ajuda, e o que faz a Europa?
A Europa da hipocrisia não ajuda nada, nem ninguém.
Vejam o caso Grécia: quando eles precisaram de ajuda a Europa levantou-se contra eles. E eles são "os nossos", supostamente. Fechando o foco, vejam o caso português: evoca-se muitas vezes os pobres, mas pouco ou nada se faz por eles.
Se a Europa e os Europeus pouco ou nada fazem pelos seus, estavam à espera que ajudassem "os outros"?
"O director do Serviço Jesuíta de Apoio aos Refugiados, André Costa Jorge, lamenta, em entrevista à Renascença, a prática de uma retórica do medo e da hostilização contra os refugiados, que se verifica na Europa da liberdade e dos direitos humanos." – Liliana Monteiro, na Renascença.
A Europa é muito unida e livre quando tudo corre segundo o guião, basta falhar uma nota que a liberdade é limitada e os direitos humanos desrespeitados.
Sim. Admitamo-lo "Somos maus".
Podemos contar os Descobrimentos, por exemplo, com arabescos de coragem e inovação, mas a realidade é que chegamos à terra dos outros e roubamos-lhes as riquezas e escravizamo-los. A escravidão é uma invenção europeia.
Hoje, fazemos mais ou menos a mesma coisa, vamos às terras alheias buscar as riquezas que as nossas não têm e sem pagar o devido. O destino desta vez quer que paguemos a factura da desgraça que espalhamos.
E o pior é que se não resolvemos este problema de uma vez, em vez de perder tempo com birras, a factura vai ficar cada vez mais pesada de pagar. Mas, quem é que se surpreende? Afinal o Mundo conta com duas Guerras Mundiais, e alguém se lembra onde é que elas começaram? Sim, entre os "tolerantes" europeus.
Se esta foi a Europa que construíram, eu não me revejo nela, não comparto os seus valores.
A mim falaram-me de outra Europa, toda a minha vida. Contaram-me sobre uma Europa de respeito pela vida humana, onde a escravidão tinha sido abolida, onde supostamente a ditadura foi proibida, onde independentemente da tua condição podias sonhar e alcançar, uma Europa onde a preservação da Paz se sobrepunha a tudo o resto, de uma Europa que pretendia ser o esboço de um Mundo de igualdade. Nada do que está a ocorrer actualmente por estas terras é minimamente parecido com essa imagem.
Estamos a ficar sem tempo, porque o relógio cobra cada milionésimo de segundo. Aproveitando o tempo que resta resolvamos de uma vez o problema dos refugiados. O plano actual é demasiado mau para gente tão bem preparada, como gostam de parecer os europeus.
““Apelamos a que haja uma liderança da Europa, uma resposta concertada no sentido de baixar consideravelmente o número de vítimas, reduzir o lucro de quem negoceia em condições terríveis as viagens dos refugiados e, tanto quanto possível, a Europa conseguir fazer a reinstalação dos refugiados de forma concertada entre os vários países europeus”, defende André Costa Jorge.
Dos 351 refugiados recolocados em países europeus, 26 estão em Portugal.” - Liliana Monteiro, na Renascença.
Chegam aos milhares e no espaço de 1 ano recolocou-se 351. E acham estranho que as coisas estejam descontroladas? Num espaço com três dezenas de países, apenas se recolocou 351 pessoas.
A desculpa: “Ah! Eles é que não querem!”
A sério? Alguém acredita nisso? Que as pessoas fazem uma viagem daquelas e perante uma oportunidade diz “não”. São pessoas que estão em más condições, tudo o que vier é lucro. Uma vez instalados e reorganizados depois lutam pelo que acham que é os seus sonhos. Todos temos direito a sonhar, mas principalmente todos têm direito à vida e à dignidade.
O dever da Europa é garantir a vida e a DIGNIDADE, o resto é com cada um.
Mas, parece que o velho continente e os seus habitantes não conseguem respeitar esses dois bens essenciais da Existência Humana. Historicamente, países como a França ou o Reino Unido, têm interferido demais naqueles territórios agora em guerra, e quase nunca essas interferências foram benéficas para esses espaços e os seus habitantes. Agora estamos a receber o resultado.
Mas a Hipocrisia Europeia, é mais do que a crise dos refugiados, a Hipocrisia Europeia é interna: com a ambição de captar os dinheiros alheios da China, dos EUA, e etc… a Europa vende o trabalho dos seus habitantes a preço de escravo, vende os bens dos habitantes Europeus de qualquer forma e jeito. Em Portugal deixamos de ser donos da electricidade que faz o país funcionar, das comunicações que mantêm o país actualizado e etc… E esse fenómeno está a ser espalhado ao resto da Europa.
Para benefício dos que habitam este bocadinho do Planeta? Não. Apenas para benefício de algumas Elites.
Esse sempre foi o grande erro da Europa ao longo da sua História, e “volta e não volta” tira o território ao povo e coloca-o na mão de algumas Elites. Elas vão enriquecendo à custa dos povos e quando já não conseguem encher mais os bolsos, entram em lutas, arrastando-nos com elas nessas guerras.
Esse é o grande defeito Europeu: a ambição desmedida.
Eu quero viver na Europa que me descreveram na escola e em casa, nas conversas com amigos, não quero ser parte desta Europa que se começou a desenhar de forma visível por volta de 2009/2010 e que apenas tem piorado o seu retrato.
Quero uma Europa que defenda realmente os direitos humanos, que concerte energias para resolver os problemas colectivos e não os interesses individuais (esses que cada um resolva depois como pode). Quero uma Europa que mostre que pode organizar-se. Quem não quiser participar deixa de poder usufruir do dinheiro dos nossos impostos que com sacrifício tiramos à nossa mesa e lhes confiamos para que façam com esse dinheiro um bom uso para o bem comum. Quero uma Europa que garanta tecto, educação, saúde de qualidade e justiça para todos os que pisarem este território. Quero uma Europa capaz de se expandir no mundo com valores sólidos e respeito pelos outros.
Devia ser obrigação de todos, colocar o que aprende ao serviço do bem comum, porque ninguém é feliz sozinho, nesta existência.