Quando o bullying não é entre estudantes...
Estamos habituados a pensar no bullying escolar, como algo que ocorre entre estudantes. Mas, essa não é a realidade da maioria das escolas e talvez por isso seja tão complicado erradicar essa praga social.
Como se chama ao comportamento de um professor que chama "burro" a uma criança, em frente de todos?
E este é apenas um exemplo simples, mas que marca profundas orientações comportamentais nos mais novos.
Aquele que é alvo do ataque, se não tiver um bom suporte familiar, provavelmente vai-se convencer que aquela figura de autoridade tem razão. E se ele diz que eu sou "burro" para que é que me vou esforçar a tentar não ser? E orienta a sua energia para coisas que sejam mais fáceis de gerir, normalmente as socialmente aceites, mesmo que estejam erradas. Mas, pelo menos assim sente que de alguma forma é aceite por algo, sem críticas infundadas.
Os outros que ouvem uma figura de autoridade ter este comportamento, vão-se sentir com via livre para o repetir. Afinal, todos estão a aprender a ser adultos e o exemplo que têm de ser adulto é esse, poder agredir e humilhar os mais fracos.
E assim, pouco a pouco, exemplo a exemplo, se vão construindo sociedades doentes. Nada que a indústria farmacêutica não agradeça, porque vai vender ansiolíticos como nunca, mas infelizmente para a maioria será um destino marcado de medos.
Medo a voltar a ser criticado que é disfarçado por comportamentos de risco e violentos. E medo que esta franja da sociedade, atormentada pelo medo do fracasso, venha violentamente perturbar a nossa suposta paz. Porque, nós somos pessoas de bem, mesmo que não nos interessemos pela sorte desses seres que criámos à ponta de humilhações e rejeições!!!!! Se sentiram ironia nesta frase, então tenho que os informar que está tudo bem. Trata-se realmente de uma ironia.
Não vale a pena fazer um esforço, para sermos melhores adultos? E assim darmos melhores exemplos às gerações vindouras! Talvez dessa forma se desenhem modelos sociais mais justos e equilibrados. E possamos realmente viver em paz e prosperidade.
Não se pode pedir a uma criança que está sob a nossa responsabilidade, que seja o adulto que nós não somos capazes de ser. E começar, por moderar os adjectivos que damos sem pensar, podia ser um pequeno passinho, mas já era um passo. Todos as grandes caminhadas começam por aí, pelo primeiro passo.
Bom domingo para todos, eu vou ficar por aqui, a reflectir nisto de ser adulto.