O EXEMPLO: ferramenta de Educação ?
Frase no site KDfrases.com. O senhor Henrique M. Coelho Neto viveu entre 1864 e 1934.
Hoje li na SAPOLifestyle, este artigo : « A INFLUÊNCIA DO COMPORTAMENTO DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS », que resume de forma magistral o que eu acredito que deve ser a educação parental.
Citando uma parte do referido texto, que aconselho a ler na íntegra:
“A nossa vivência atual acelerada orienta-nos para a procura rápida, e com pouco esforço, de resultados. O que se espera da educação não foge à tendência. Cada vez mais, surgem soluções para resolver as dificuldades que os pais vão sentindo ao educar os filhos, mas poucas apontam para a influência central na educação: as pessoas que os pais são e como se comportam. Procuram-se estratégias isoladas para lidar com a questão X ou Y, foca-se o “problema” na criança e nunca no comportamento dos pais. Torna-se fundamental consciencializar os pais da importância que têm junto dos filhos. É no dia a dia, nas pequenas coisas a que não damos valor, que o mais importante acontece.”, por Ana Amaro Trindade (Psicóloga Clínica) e Carolina N. Albino (Especialista em ritmos de Sono do Bebé).
A organização social, algum egoísmo individual e muitíssimo cansaço físico mas também psicológico, faz com que a primeira frase desta citação seja uma verdade quase indiscutível. Na falta de tempo e vontade para encontrar respostas, procuramos “tendências” e deixamo-nos levar pela corrente. Estaremos a fazer bem?
Segundo o referido texto que se apresenta hoje na SAPOlifestyle, nem por isso.
Rotulamos, dividimos e vamos tratando “sintomas” sem nunca combater a “doença”.
“É preciso entender como se aprende, para aprender como se ensina” – Júlio Furtado.
Recuemos ao nosso próprio passado.
Recuo ao meu, que é o único que conheço. Um exemplo da minha própria experiência:
Lembro-me de o meu pai, me repetir constantemente que eu não devia fumar. A explicação que ele me dava (fruto da sua ignorância e falta de oportunidades académicas e, pouca ou nenhuma vontade de aprender e evoluir) é que se eu o fizesse, ele castigava-me. A escola chamou-me a atenção para o facto de o fumo do tabaco ser prejudicial à saúde. Via alguns cartazes alusivos à questão. Lembro-me de um anúncio: "Queres beijar um cinzeiro?" (ou algo parecido). Não foram muito enfáticos, mas avisaram. O que é que aconteceu?
Olhei à volta.
O meu pai fumava, por isso não devia ser assim tão mau.
Via fumar, no café, na esquina, no parque, no posto médico, … por isso não devia ser assim tão mau.
Era fácil comprar, bastava fazer o pedido e apresentar o dinheiro, por isso não devia ser assim tão mau.
No dia que os meus colegas me desafiaram, eu não vi problema em experimentar. Engasguei-me. Odiei. Mas, o exemplo que tinha era de gente “estilosa” a fumar. Tornou-se um desafio (adolescente pura). Cometi o grande erro: insisti.
O meu pai quando descobriu zangou-se, castigou-me, mas o mal já tinha sido feito.
O castigo passou e o vício ficou. Ainda durou 10 anos, este disparate, com consequências muito desagradáveis e difíceis de ultrapassar.
A culpa é do meu pai? Não. Pelo menos não toda. Mas, na hora que me vi confrontada com a situação, procurei as minhas referências e essas também são responsabilidade do meu pai.
Esta é uma das minhas experiências, que me serve de lembrete, para educar o meu filho. Se quero que seja educado, também tenho de o ser. Se quero que respeite horários, também tenho de o fazer. Se quero que procure soluções para os erros em vez de se desesperar, tenho de lhe mostrar como se faz.
Imagem no site Gnoticias.
Se eu grito, não posso depois ir atrás dele recriminá-lo (tenho um bocado a mania de falar alto, herança de uma família numerosa “Os Bernardos”). O que faço é um comentário autocrítico mais ou menos bem disposto que lhe aponte que eu cometo erros, que tenho consciência deles, mas que os tento controlar e domesticar.
O EXEMPLO aliado a LIMITES (definição de horários para o banho ou as refeições, por exemplo) e a atenção às HABILIDADES individuais que devemos valorizar e ajudar a desenvolver, são para mim as armas educativas essenciais para criar um futuro adulto emocionalmente feliz.
Certezas dos resultados da receita? Não tenho. Mas:
Já tenho abordado o assunto do exemplo como ferramenta de educação (com alguma regularidade), a última das quais no Dia da Criança :
“Mas teremos de rever os modelos educativos e a organização social.
O modelo actual está perdido à procura de respostas, mas ainda se reflecte muito nos modelos antigos que como a história regista deu à humanidade muito louco, muito manipulador, muito insensível, muito mentiroso, muita má gente. E os que não eram portadores de tão má índole, não tinham ferramentas que lhes permitisse lutar por um mundo melhor porque lhes faltava iniciativa, coragem, consciência social proactiva, etc…
Os modelos educativos antigos não produziram gente suficiente com as características e ferramentas para fazer deste mundo: AQUELE MUNDO justo e digno para todos.”
É preciso mudar a receita, para obter resultados diferentes. Acredito que o ingrediente principal é o EXEMPLO.
Muito trabalho, terá de ser desenvolvido, não só os pais individualmente, como o conjunto da família (as crianças recebem todos os dias muitas referências, apesar de os pais até à entrada na escola ser a principal), e principalmente a Sociedade.
A sociedade tem de rever objectivos, reorganizar-se, aproveitar a evolução tecnológica para dar o salto Social que andamos a pedir a gritos, há milénios.
Fica aqui este vídeo do canal Flavellar (Youtube) para resumir.
Pela voz de uma criança “O que ela espera dos Pais”: