Uma parte da verdade sobre os castigos e os problemas de definição da palavra?
Imagem e artigo interssante no Blog "Coisas de Gisleide"
Hoje a percorrer o mural do facebook deparei-me com uma foto que rezava a seguinte frase:
“Quem ficou de castigo quando era criança, porque desobedeceu aos pais, hoje sofre de um trauma psicológico muito raro, chamado: Educação.”
Eu tenho um problema com frases feitas e principalmente fora de contexto.
E a utilização da palavra Castigo, aqui pareceu-me perdida e com hipótese de ser mal interpretada e até aproveitada para justificar o injustificável.
Não me enganei, quem percorre os comentários do post apercebe-se logo da tentativa de dar uma justificação a um comportamento, que não educa, pelo contrário humilha, diminui a auto-estima tão necessária à saúde psicológica nos dias que correm!
É preciso estar atento ao que se entende por castigo, a palavra é forte e tem uma carga negativa! Se calhar em educação nem devia ser usada, sendo substituida por: correcção de conduta, orientação comportamental, lição, ...
Para que esta frase tenha algum sentido e utilidade depende da definição de “castigo”!
É que para alguns pais é colocar um basta numa situação explicando aos filhos a conduta errada e com as consequências e depois dar-lhes um tempo isolado para que pensem! E depois mostrar-lhe qual deveria ter sido a conduta. Ou em alguns casos deixá-los lidar directamente com as consequências do erro mantendo-se na retaguarda, como apoio e não como interveniente. E até aqui tudo bem.
Não vos parece que estas crianças estão a aprender? Não é esse o objectivo da educação?
Depois há os que acham que reprovar um mau comportamento se faz através de algo ainda pior, como por exemplo bater, deixar sem comer, e outras barbaridades. E ainda fazem uma coisa pior que é dizer a um filho: "Proíbo-te de fumar" e estas palavras são da boca de alguém com um cigarro na mão.
Parece que estas crianças na imagem aprenderam alguma coisa de ùtil?
A ùnica certeza que se pode ter é, que parte dos adultos o exemplo.
E não acredito que violência vá acrescentar alguma coisa de valor a nenhuma criança.
E uma palmada é um acto violento, que mexe na auto-estima, que alguns conseguem superar mas outros não. E se é verdade que cada criança tem a sua personalidade, cabe ao adulto ser suficientemente inteligente para saber aproveitar as oportunidades e educar, sem recorrer à facilidade imediata da palmada que muitas vezes se projecta no futuro de forma negativa.
É humilhante receber uma palmada.
E isso mexe directamente na auto-estima e corta laços de diálogo entre a criança e os pais. Podemos pensar "está tudo bem, ele deixou de dar problemas", quando na verdade o que aconteceu é que ele aprendeu a esconder-nos as situações.
Castigos sim, mas é preciso ter cuidado com a definição, depende da idade da criança, do tipo de asneira. Às vezes deixá-la lidar directamente com o erro dá-lhe uma experiência e perspectiva que nenhum castigo é capaz, mas para isso é preciso estar atento e hoje em dia os pais são egoístas e não estão para perder tempo.
Um exemplo recente:
Os miúdos na idade dos 5 anos, fãs dos Super heróis puseram-se a brincar e a dada altura entusiasmaram-se e começaram a esmurrar o mais novinho! Na cabeça deles, eles eram Super heróis a salvar o mundo daquele horrível monstro.
Nós deixamo-los a ver Televisão sozinhos horas seguidas e, depois não pensamos na forma como eles vão interpretar o que viram. E quando não corre bem a culpa é da criança, nunca é do adulto que se despediu da função de pai durante os programas televisivos e que nem teve o cuidado de escolher o tipo de programa.
Uma das mamãs perante a cena, e muito provavelmente com medo da reprovação social tirou a criança e não tem mais e deu-lhe uma palmada. Silêncio geral!
Até que alguém educadamente e de forma muito delicada (mais do que merecia), lhe chamou a atenção e a ensinou como se faz!
Colocou os miúdos sentados, e explicou-lhe a missão dos Super heróis, e as consequências daquilo que eles tinham acabado de fazer! Deixou-os a pensar 5 minutos mais ou menos. Mantendo-se por perto.
E depois em vez de os deixar andar para lá perdidos, juntou-se à brincadeira e mostrou-lhes como se brinca.
Qual das duas atitudes é que acham, que foi mais produtiva e com melhores resultados a longo prazo: a palmada humilhante e sem explicações da stressada mãe, ou a explicação com demonstração do comportamento a adoptar da outra pessoa!
Se nós adultos não nos controlamos com anos de experiência e tanto conhecimento acumulado, como é que podemos exigi-lo a uma criança pequena!
Pensem!
A educação é um acto contìnuo, diàrio, para a vida e não se resume ao acto de reprovação do mau comportamento. Muitos pais, colocam-se nessa posição de policias do mau comportamento e pensam que estão a educar. Não! Não estão a educar!
Educar é muito mais que corrigir, é mostrar, é apontar caminhos, é porpocionar experiências, é demonstrar amor e afecto. Para que a criança perceba como se faz!
"Atualmente, 30 países em todo o mundo têm leis que proíbem castigos na educação de crianças e adolescentes, entre eles a Suécia e a Alemanha. “A lei é uma forma de o Estado educar os pais”.